Governo e empresa têm missões diferentes, diz Agnelli sobre compra de navios estrangeiros pela Vale

Estaleiros nacionais não teriam capacidade para produzir embarcações de mesmo porte, de acordo com o presidenteUm mês depois de ter sua saída anunciada do comando da Vale, o presidente da companhia, Roger Agnelli, que atua no cargo até o dia 20, afirmou nesta quarta, 5, que a empresa tem visão e missão diferentes das do governo, mas que, no entanto, não estão dissociadas. O comentário foi feito na apresentação, pela Vale, do maior navio mineraleiro do mundo, fabricado em um estaleiro coreano, o primeiro de uma série contratada pela empresa. O governo Luiz Inácio Lula da Silva defendia que a empresa prior

? Cada um tem uma visão, cada um tem uma missão. A missão da companhia é gerar resultados para ela ganhar em capacidade e investir mais. A visão, a missão do governo é diferente da de uma empresa, totalmente diferente ? afirmou Agnelli, que recebeu jornalistas para uma visita ao navio.

Agnelli afirmou que os estaleiros nacionais não tinham capacidade para construir navios do porte do navio coreano, de 400 mil toneladas. Atracado na Baía de Guanabara, esse é o primeiro de um total de sete encomendados ao estaleiro coreano Daewoo Shipbuilding & Marine. Outros 12 foram contratados do estaleiro Rongsheng Shipbuilding, da China.

Segundo a Vale, os estaleiros brasileiros só teriam capacidade para efetivar a encomenda em 2015, e com um custo mínimo de US$ 236 milhões, frente aos US$ 110 milhões pagos pela embarcação apresentada nesta quarta. Todos os navios serão entregues até 2013. Agnelli negou que o governo não tenha entendido a proposta da Vale e afirmou que a empresa não ignora a indústria brasileira.

? A nossa missão não é dissociada, não é contrária à do governo. Nossa missão é muito mais de longo prazo. Estamos falando de 10, 15, 20 anos. A estratégia do governo é de 2, 3 e 4 anos ? afirmou.

O presidente da Vale afirmou que a encomenda de 19 navios de estaleiros da China e da Coreia do Sul faz parte de uma estratégia da companhia para baixar os custos e a volatilidade do frete mundial. Segundo Roger Agnelli, desde que a Vale pôs em prática o plano, que foi elaborado em 2007 e iniciado em 2009, os preços de frete no mercado mundial começaram a cair, por conta da expectativa de aumento da oferta futura no setor.

Por causa dessa queda do preço do frete, Agnelli afirma que a Vale contribuiu com US$ 4 bilhões para a balança comercial brasileira entre 2009 e 2010.

? Esse dinheiro antes ia para fora, ia para o armador ? afirmou.