A greve de trabalhadores portuários na Argentina chega ao seu oitavo dia nesta quinta-feira, 17. De acordo com fontes da agroindústria local ouvidas pelo jornal Clarín, 129 barcos aguardam para serem carregados com 4,5 milhões de toneladas de grãos e subprodutos, estimadas em US$ 1,6 bilhões.
Interlocutores ouvidos pelo Canal Rural que preferiram não se identificar contam que há trigo importado pelo Brasil esperando para ser embarcado na Argentina.
O mês de dezembro costuma figurar entre os três principais quando o assunto é importação do cereal, segundo a Comex Stat. Das 6,756 milhões de toneladas compradas pelo mercado brasileiro no ano passado, quase 10% (650 milhões de toneladas) foram computadas em dezembro.
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Por que trabalhadores portuários estão em greve na Argentina?
A paralisação no país vizinho se dá pela falta de acordo entre sindicatos com as empresas. Eles pedem reajustes de salários que acompanhem pelo menos a inflação na Argentina. Na última segunda-feira, 14, após oito horas de audiência no Ministério do Trabalho, não houve acordo.
A Câmara da Indústria do Petróleo da República Argentina (Ciara) se manifestou dizendo que os sindicatos apresentaram “reivindicações salariais ainda maiores do que as anteriores” e “demonstraram falta de vontade para dialogar”.
A Ciara também acusa os sindicatos de excederem os limites da greve ao não deixar ninguém acessar os locais. “O aprofundamento das medidas de força afeta todos os portos e plantas no país, bloqueando as exportações e, consequentemente, a entrada de divisas”, pontua.
As empresas alegam perder US$ 100 milhões por dia com a greve. A reclamação apenas irritou mais os sindicatos. “Com apenas um dia dos sete dias em que ocorreu a greve, eles têm o suficiente para pagar o aumento do ano inteiro a todos os trabalhadores”, diz a União de Recebedores de Grãos e Anexos da República Argentina (Urgara), em nota.
“A verdade é que as exportadoras na Argentina dobraram o faturamento em pesos desde março deste ano, tanto pelo aumento do preço da soja e das commodities, quanto pela redução das retenções (as famosas retenciones) e devolução do diferencial para as petroleiras”, afirma a publicação.