Apesar de o plantio do trigo estar praticamente finalizado no Brasil, as adversidades climáticas já preocupam os produtores rurais antes mesmo do início da colheita. O Centro de Estudos Avançados em Economia Agropecuária (Cepea) indica que o clima tem apresentado características distintas no Sul do país.
Paraná
Até o momento, as precipitações foram escassas no estado, com algumas áreas da região norte não registrando a ocorrência de chuvas nos últimos 30 dias.
No total, foram acumulados apenas 1,3 milímetros, em média, desde o início do mês de julho, patamar bem distante da média para o mesmo período nos últimos dez anos, de 50,7 milímetros.
“As condições de umidade no Paraná ao longo dos próximos dias serão cruciais para garantir o potencial da safra. Importante salientar que, como no ano anterior houve uma quebra de safra expressiva, a produção deste ciclo poderá dobrar, para 3,4 milhões de toneladas, caso as expectativas se concretizem”, afirmou a consultoria INTL FCStone, em relatório.
Para os próximos 15 dias, modelos climáticos mais recentes indicam um baixo volume de chuvas no núcleo agrícola do trigo no estado, de 2,8 milímetros em média, o que pode acabar prolongando o estágio de desenvolvimento vegetativo das lavouras. As temperaturas deverão ficar entre o intervalo médio de 23,4°C e 12,6°C, indicando que o período de maior propensão à incidência de geadas já passou.
“A incidência de geadas foi limitada, tendo sido registradas quatro ocorrências a partir de meados do mês, sendo que apenas duas delas foram considerados fortes (isto é, com a temperatura em torno de 0° C)”, explica a INTL FCStone.
Rio Grande do Sul
Já no Rio Grande do Sul, por outro lado, as precipitações têm sido registradas com frequência. Ambos os cenários podem resultar em menor oferta, visto que podem prejudicar o desenvolvimento das lavouras que estão em fase de floração e enchimento de grãos.
“O quadro climático do estado se difere bastante do caso do Paraná, sendo marcado por chuvas abundantes e tendo sido registradas 19 geadas desde o início do mês. No entanto, como boa parte das geadas foram fracas ou moderadas, as temperaturas não baixaram para além de 0° C e não se esperam grandes danos causados pelo frio”, pondera a consultoria. A maior preocupação tem sido o alto nível de umidade dos solos, o que tem aumentado o risco de proliferação de fungos e pragas.
A previsão para os próximos 15 dias aponta chuvas todos os dias, gerando um acúmulo diário médio de 4,3 milímetros, com algumas regiões podendo acumular até 10,9 milímetros de precipitações. “Isto deve manter as preocupações com o excesso de umidade em alta. O risco de geada, por outro lado, deve diminuir significativamente, com as temperaturas variando entre 9,7° C e 18° C em média no período”, alerta a INTL FCStone.
Preços
Os preços encerraram em queda na semana passada, especialmente devido à expectativa de valores mais baixos do produto da Argentina e do Paraguai nos próximos meses.
De acordo com o Cepea, a cotação média no Rio Grande do Sul fechou a segunda-feira, dia 23, a R$ 900,25 a tonelada, com queda de 4,13% no acumulado do mês. No Paraná, a média fechou em R$ 1.033,61, baixa de 1,92% em julho.