Além do chamado cinturão citrícola de São Paulo, o levantamento considerou municípios do sul de Minas Gerais. O universo total da pesquisa é calculado em cerca de 170 milhões de árvores produtivas.
? É uma safra grande, não é uma super-safra, mas é uma boa safra ? avaliou o presidente da CitrusBR, Christian Lohbauer, projetando que, do total previsto, cerca de 330 milhões de caixas devem ser processadas pela indústria.
A indústria divulgou também uma parcial dos estoques de suco de laranja brasileiro. Em 31 de março deste ano, o volume estava em 424,7 mil toneladas de suco.
Segundo a CitrusBR, o nível deste ano é o mais baixo da história recente da indústria de suco de laranja. Em 31 de março de 2010, o volume era de 574,6 mil toneladas. Na mesma data em 2009 eram 805,1 mil toneladas e, em 31 de março de 2008, eram 798,7 mil toneladas.
E a perspectiva das empresas é de queda ainda maior neste ano. Segundo um cálculo feito pela Cutrale a partir dos números da CitrusBR, em 30 de junho os estoques de suco de laranja brasileiro devem estar em 140 mil toneladas. O cálculo considera uma média de pelo menos 100 mil toneladas vendidas a cada mês.
Com os estoques mais baixos, a expectativa é de demanda aquecida por parte da indústria e preços remuneradores a serem pagos pela matéria-prima.
? A indústria vai procurar pela laranja e os produtores podem ser mais bem remunerados ? avaliou Lohbauer, presidente da CitrusBR.
? Os preços não vão cair. A safra é maior, mas nós nunca tivemos um nível de estoque tão baixo ? acrescentou o diretor corporativo da Cutrale, Carlos Viacava.
A entidade que representa a indústria de suco de laranja deve divulgar uma nova estimativa de safra até agosto.
Desconfiança
A Associação Brasileira de Citricultores avaliou os números com certa desconfiança. O presidente da entidade, Flávio Viegas, considerou a previsão de safra da indústria “alta demais” e disse acreditar em um efeito negativo da previsão sobre o mercado. Questionado sobre a perspectiva dos produtores receberem mais pela laranja, em função da demanda maior da indústria, Viegas foi cauteloso.
? Espero que sim (que paguem melhor). Afinal, é a indústria que tem o poder, ela é a compradora ? afirmou.