No documento, a cadeia do trigo solicita crédito para a compra do cereal antecipadamente, garantindo os negócios com o produtor gaúcho. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado, José Antoniazzi, os moinhos estão descapitalizados, e não vão conseguir comprar o trigo antecipadamente. A demanda dos moinhos locais é de 1,1 milhão de toneladas e a expectativa de produção na safra que começa a ser colhida em outubro é de 2,7 milhões de toneladas.
– Hoje, o problema nem é a falta de liquidez, o que era o problema tradicional da cadeia, mas a venda antecipada. A estimativa é de que quase 50% da safra, cerca de 1 milhão de toneladas, já tenha sido comercializada – avalia .
Para o presidente da comissão do grão da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Hamilton Jardim, no ano passado apenas 300 mil toneladas de trigo haviam sido comercializadas antecipadamente nesta época do ano. Segundo ele, caso não haja linha especial para os moinhos, será necessário importar o cereal.
Jardim avalia que a mudança ocorre não só pela escassez do produto no mercado internacional e pela valorização do grão, que alcança preço médio de R$ 26,59 a saca de 60kg ao produtor, segundo a Emater-RS, mas também pela melhor qualidade do trigo gaúcho.
– Antigamente, os moinhos usavam na moagem metade trigo gaúcho, enquanto que a outra metade importado. Hoje, a composição da farinha tem 85% do grão gaúcho e 15% de fora, em virtude da qualidade adquirida – explica.