Mesmo com trigo de alta qualidade, Brasil vai importar metade do que consome

Indústria deve processar 10,5 milhões de toneladas do cereal, que deverá ser trazido principalmente da Argentina

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Mesmo com a expectativa de uma boa safra de trigo, os moinhos devem importar mais da metade do que é consumido no Brasil. Até meados do ano que vem, a indústria deve processar 10,5 milhões de toneladas do cereal.

O trigo virá principalmente de países do Mercosul, entre os quais se destaca a Argentina. Ali é estimada uma safra de 15 milhões de toneladas do grão. O conselheiro da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) João Carlos Veríssimo afirma que o Brasil depende muito do produto do país vizinho. “Nesta safra, provavelmente vamos importar 90% da Argentina”, diz.

Em julho de 2016, as importações brasileiras de trigo foram 10% superiores ao mesmo período do ano passado. Os números mostram que os estoques internos estão baixos, enquanto a indústria revela uma pequena recuperação. Na opinião do diretor da Moageira Irati, Marcelo Voniska, houve queda real de 8% no consumo em todo o Brasil em 2015. A expectativa é a de que a demanda se mantenha similar. 

“Eu diria que a indústria ainda está trabalhando com uma certa ociosidade, mas com uma grande expectativa de sofrer uma forte pressão da farinha argentina novamente”, diz Voniska.

O presidente da Abitrigo, Sérgio Amaral, acredita que o consumo está entrando em um período de estabilidade, talvez com um pequeno crescimento vegetativo. Ele conta que a entidade vem trabalhando especialmente no sentido de esclarecimento de pontos sensíveis ao consumidor, como a questão de glúten, que vem sendo evitado em dietas.

A boa notícia para o setor é há boa expectativa em relação à safra 2016/2017, que começa a ser colhida nas próximas semanas nas principais regiões produtoras. Ao contrário do ano passado, quando o clima prejudicou a qualidade do cereal às vésperas da colheita, o mercado conta com produtividade estável, mas de alto aproveitamento.

Marcelo Voniska, da Moageira Irati, afirma que a área semeada com trigo neste ciclo caiu cerca de 15%, mas a projeção do rendimento é alta e com qualidade superior do grão.”As variedades plantadas são excepcionais e até agora o clima tem ajudado muito”, diz.