? É o princípio da precaução. Uma ação preventiva, porque não é nessa área que o desmatamento está acontecendo agora. A decisão tem a ver com o que tenho observado. Eu tenho visto a Amazônia pegar fogo, tenho visto governos estaduais fazendo corpo mole e criminosos ambientais ficando na impunidade ? observou.
Segundo Minc, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não vai analisar o Estudo de Impacto Ambiental da obra, entregue pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) na última semana, até que um grupo de trabalho avalie a implantação de uma “bolha verde”, com 10 unidades de conservação ao longo da rodovia para amortecer os impactos ambientais da obra.
? Se na BR-163, que não foi asfaltada ainda, o simples anúncio (do início da pavimentação) aumentou o desmatamento em 500%, imagina o que vai acontecer na BR-319, que cruza o coração da Amazônia? Vai ser uma tragédia ambiental de grandes proporções. Não queremos que isso aconteça por uma imprevidência ? apontou.
Além do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, o grupo de trabalho tem representantes dos Ministérios das Cidades, dos Transportes e dos governos de Rondônia e do Amazonas. Sete unidades de conservação federais, entre reservas extrativistas, parques e florestas nacionais já rodeiam a rodovia, mas segundo Minc, ainda são necessárias outras três. Inicialmente, a previsão é que o governo do Amazonas arque com a criação dessas unidades.
O grupo vai analisar a situação atual e os custos de implantação das unidades de conservação, para que as áreas de preservação sejam efetivamente respeitadas. “Parque de papel pega fogo rápido. Não protege nada, só protege a má-consciência”, comparou o ministro.
De acordo com o presidente do Ibama, Roberto Messias, a suspensão não deverá comprometer os prazos previstos para o licenciamento da obra. O balanço mais recente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê a conclusão da rodovia em 2012.
A substituição da estrada por uma ferrovia também é cogitada pelo governo, segundo Minc.
? Mas não é o (Ministério do) Meio Ambiente que vai definir isso. É o Dnit, o Ministério dos Transportes, o governo federal. Os governadores de Rondônia e do Amazonas já me disseram que preferem uma ferrovia ? contou.
Do ponto de vista ambiental, de acordo com o ministro, uma estrada de ferro seria menos impactante que uma rodovia. Ele citou, por exemplo, o chamado efeito “espinha de peixe”, que ocorre com a abertura de estradas vicinais ao longo de uma rodovia, abrindo caminho para novos desmatamentos.