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Mudanças no relatório do Código Florestal preocupam produtores na Agrishow

Alteração nas regras para APP's é motivo de questionamentosRepresentantes de entidades ligadas ao setor rural, que participam da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), questionaram as alterações na proposta final de reforma do Código Florestal, que deve ser votada ainda nesta semana.

Eles se mostram preocupados com a exclusão da faixa de 15 metros de Área de Preservação Permanente (APP) em locais cujo rio tenha leito de até 5 metros. A alteração atende os ambientalistas, mas é considerada um retrocesso pelo setor rural.

? É um prejuízo enorme, principalmente para o pequeno produtor. Uma perda muito grande. A faixa de 15 metros não traz prejuízo nenhum para o meio ambiente ? disse o presidente do Sindicato Rural de Jundiaí (SP), Luiz Sutti, que é produtor de cachaça, ovinos e orquídeas.

Antônio Rossato e o filho Daniel, ambos produtores rurais do Paraná, visitavam a feira quando ficaram sabendo da novidade. A permanência das APPs em 30 metros, desestimulou os plantadores de soja e milho.

? É muito ruim para os pequenos produtores. A pressão deve ter sido muito grande ? afirma Rossato.

O presidente da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) concorda. Na opinião de Fábio Meirelles, não faz sentido a área mínima de 30 metros para as Áreas de Preservação Permanente. Para ele, o correto seria retomar a ideia da faixa de 15 metros, mas Meirelles considera difícil ocorrer no voto, em Plenário, uma nova alteração das regras.

? Há um risco muito grande. É um marco muito difícil de ser revertido no Congresso. Mas espero que voltem à proposta original ? afirma o presidente da Faesp.

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), Edivaldo del Grande, reforça o coro dos que afirmam que o pequeno produtor vai ser o mais prejudicado. Ele defende a recuperação das matas ciliares, mas avalia que a discussão sobre o assunto vem sendo muito mais ideológica do que técnica.

? O melhor seria que as APP’s fossem definidas por laudos técnicos, de acordo com as condições e a necessidade de cada área. Essa disputa em torno dos 30 metros é ideológica. Em muitos lugares, inviabiliza a produção. O grande produtor tem mais capacidade para se recuperar, mas, para o pequeno, fica mais difícil. O governo tem que pensar nisso ? opina Del Grande.

O futuro presidente da Agrishow, e um dos maiores plantadores de cana do Brasil, Maurílio Biagi, criticou a mudança que também retira a permissão para Estados e municípios tratarem do tema. Apenas a União terá esta prerrogativa.

? Não se pode tratar Rio Grande do Sul e Amazonas da mesma forma. Para a União fica mais difícil ? comenta Biagi.

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