Os resultados demonstram que o processo erosivo, comum na região, é bastante reduzido. O uso conjunto dessas práticas evita deslizamentos de terra. As técnicas diminuem o transporte de sedimentos aos leitos dos rios, bem como os riscos de inundações após chuvas fortes, a exemplo das que ocorreram no início de janeiro na região.
? Avaliamos as propriedades onde executamos o projeto em Bom Jardim, após as recentes chuvas. As terras praticamente não sofreram danos ? destaca o pesquisador Heitor Coutinho, da Embrapa Solos.
O sistema é considerado ideal para evitar futuros deslizamentos de terra em regiões montanhosas. Com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro Rio) e da Secretaria Estadual de Agricultura do Rio de Janeiro, a Embrapa pretende expandir o projeto para outras áreas da Região Serrana, incluindo Teresópolis e Nova Friburgo. No futuro, a ideia é implantar esse sistema em outras localidades do país, também acometidas pelo mesmo problema.
Técnica
A rotação de culturas, que faz parte do processo, consiste em alternar espécies vegetais numa mesma área agrícola. As variedades escolhidas normalmente têm viabilidade comercial e de manutenção ou recuperação do meio ambiente. Para a obtenção de máxima eficiência da capacidade produtiva do solo, o planejamento de rotação considera aquelas destinadas à cobertura do solo, que produzam grandes quantidades de biomassa, fonte de nutrientes.
? A rotação permite o fortalecimento do solo com o plantio alternado de diversas culturas, principalmente as raízes, como batata e inhame, que dão estabilidade à terra ? destaca o pesquisador da Embrapa.
Outro problema comum em propriedades da região é a baixa fertilidade do solo, que deixa a terra fraca e vulnerável. As plantas consideradas invasoras, daninhas, acabam melhorando a fertilidade quando essas terras descansam por um período mínimo de cinco anos. Pesquisas comprovam que a técnica é uma das melhores alternativas para manter a produtividade do solo, sem depender de insumos externos.
? O sistema de agricultura com períodos de descanso da terra antes de voltar a produzir, que estamos monitorando na região de Bom Jardim, tem funcionado muito bem no controle da perda de solos por erosão e redução do assoreamento (obstrução) dos rios ? explica Heitor Coutinho, da Embrapa.
A técnica fortalece o solo, já que a terra tem um tempo para poder se recuperar antes de voltar a ser utilizada.