A colheita do trigo já começou no Brasil, mas os trabalhos no campo estão atrasados em relação ao ano passado, com 4,7% da área colhida, ante 10,9% no ciclo anterior. A expectativa é uma produção recorde nos três principais estados produtores, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, de acordo com o Centro de Estudos e Pesquisas em Economia Aplicada (Cepea).
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“O Paraná está com 11% colhidos, contra 23%¨no ano passado”, observa o pesquisador Lucílio Alves. “Isso já era esperado porque tivemos um plantio um pouco mais tardio em função do clima seco nos meses de março, abril e maio”, ele diz.
“No RS, boa parte das lavouras ainda estão em desenvolvimento, com uma colheita prevista para o quarto trimestre desse ano”, acrescenta Alves. “O RS deve produzir mais do que o PR, mas olhando os dados da Conab, as estimativas dos dois estados são parecidas”, pontua ele.
Segundo o pesquisador, até o final da colheita, a produção deve atingir 8,1 milhões de toneladas. “Porém, um ponto importante é que, contando a produção junto com a importação, teremos a maior disponibilidade interna em três anos”, afirma Alves.
“O número não está muito distante do consumo, de 12,3 milhões de toneladas, o maior volume em quatro anos — a relação entre estoque e consumo, em julho de 2022, deve ficar na casa de 11%, o melhor nível desse período”, analisa o pesquisador.
A tabela de oferta e demanda está equilibrada, portanto, segundo Alves. Em relação às vendas, cerca de 10% da produção do Paraná, por exemplo, têm vendas antecipadas. “Não é comum no mercado de trigo a negociação antecipada”, observa o analista.