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Produção de trigo custará mais caro e produzirá menos

Excesso de chuvas e falta de reação dos preços devem resultar no custo mais alto da história

A situação do produtor de trigo está complicada. Os custos estão mais altos, os preços não reagem e o clima deve ser vilão nesta temporada. A safra está sendo marcada pelo maior custo da história. Ao mesmo tempo em que os produtores cobram do governo mais agilidade para liberar os recursos do Prêmio Equalizados Pago ao Produtor Rural (Pepro) da safra passada. Mesmo com os recursos disponíveis, os processos estão parados na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
 
Com perspectiva de muita chuva no Sul do país, a projeção é que o Brasil produza um milhão de toneladas a menos nesta temporada. O clima deve afetar a produtividade e a qualidade do produto. Situação complicada para o produtor, que encara custos 30% mais altos. Já o preço, nada de mudar. Nem a alta do dólar fez o valor reagir.

– Hoje, o trigo que ele plantou com a perspectiva de colheita e o preço que está sendo praticado não cobrem os custos. Então, podemos dizer que o preço está inferior ao ano passado. Outros produtos, como soja e milho, tiveram imediatamente o reflexo da situação cambial, o dólar pulando de R$ 3,00 para R$ 3,80, e refletindo em ganhos na cotação. O trigo praticamente o mesmo praticado no mês de março – explica o diretor executivo da Coopercampos, Clebi Renato Dias.

O setor está pressionando o governo para desburocratizar as políticas voltadas para comercialização, como no caso do Pepro. Dos R$ 81 milhões da safra passada, foram pagos apenas R$ 23 milhões. Os recursos estão disponíveis, mas falta agilidade nos processos dentro da Conab.

– São muitos documentos exigidos, para comprovar as operações. E depois existe uma estrutura pequena, da própria Conab, para fazer análise de toda esta documentação, análise se torna lenta. Estamos com algo em torno de 60% dos prêmios não pagos para produtores e cooperativas – afirma o presidente da Câmara Setorial de Culturas de Inverno, Flávio Turra.

Outro assunto que preocupa o produtor é a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre as micotoxinas – as substâncias que ficam no trigo por causa de fungos, como o giberela. Os limites que a agência quer adotar são iguais aos europeus, o que, conforme os produtores, não se aplica à produção nacional. Agora, o setor tem até 2017 para terminar um estudo que comprova que a exigência não é compatível com a realidade do Brasil.

– Nesta safra, agora, o Paraná começa a colher e o Rio Grande do Sul daqui uns dias. Fazer a coleta rápida, conseguir laboratórios e conseguir recursos para provar, durante o ano de 2016, que esses parâmetros não interessam pra nós e não atendem aos interesses dos produtores do Brasil de maneira geral – defende o presidente da Comissão de Trigo da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim.

A Conab informou que os Pepros de trigo estão sendo pagos normalmente, mas admitiu atrasos na aprovação das documentações, já que a equipe de funcionários para a análise é reduzida. A companhia alega grande número de inconsistências nos documentos enviados pelos produtores, que precisam ser corrigidos e reenviados, o que gera a demora para o resgate dos prêmios.

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