São 35 pessoas, entre produtores rurais e agrônomos. Eles fazem parte da Associação de Cooperativas Argentinas (ACA), que reúne cerca de 180 associados. No encontro com produtores de Mato Grosso, as questões foram direcionadas para temas estratégicos. Algumas diferenças ficaram evidentes, como por exemplo a falta de logística e o consequente encarecimento do frete em Mato Grosso.
? Nós pudemos ver que o sistema de produção é maior do que o nosso e há também uma diferença de infraestrutura muito grande. Nossa organização também é diferente. Quanto aos números que nos apresentaram, não são tão bons quanto os nossos. Os insumos e o frete, por exemplo, tornam a rentabilidade menor do que a que temos ? explica o agrônomo e agricultor Luciano Sosa.
Outro ponto levantado foi o arrendamento de terras, que em Mato Grosso custa 40% a menos que na Argentina. Mesmo com o valor mais baixo, o gerente da Cooperativa Agropecuária de Tandil, Daniel Alvarez descarta o interesse de investir no Brasil. Ele mostra preocupação com o avanço da concentração de áreas no Estado, o que também vem acontecendo na Argentina.
? Somos cooperativas de produtores e nosso interesse é crescer no nosso país, mas também vemos com preocupação o avanço que acontece tanto no Brasil quanto na Argentina de grandes e médias empresas. Então temos que buscar alternativas e trabalhos para preservar nossos produtores e assim, de forma conjunta, conseguirmos crescer. Nosso objetivo não é investir no Brasil ? defende Alvarez.
Se por um lado, a falta de logística e a concentração de terras preocuparam os visitantes, o papel assumido pelo Brasil de produzir alimentos e matéria-prima para atender ao crescente consumo mundial, também chamou a atenção.
? É fundamental que o Brasil esteja entendendo a missão que tem no mundo, que produzir alimentos e matéria-prima é fundamental, assim como discutir as questões sobre meio ambiente. Hoje o Brasil está um passo adiante com relação a estes assuntos ? completa Alvarez.
Neste intercâmbio de experiências, o fortalecimento do cooperativismo argentino pode ser um bom exemplo a ser seguido pela classe produtora brasileira.
Depois de conhecer as características do sistema produtivo na teoria, o grupo vai ver de perto a realidade dos produtores rurais do Estado. O cronograma inclui visitas a fazendas em Nova Mutum, além de uma fundação de pesquisa agropecuária em Lucas do Rio Verde. O roteiro permite uma breve comparação das principais diferenças entre o cenário do setor rural no Centro-oeste brasileiro e o que é encontrado no país vizinho.
? Os argentinos verão de perto a realidade das terras brasileiras, o tamanho das propriedades, entre outras características ? diz o diretor da Diniscor, Robison Scorsolini.