A região montanhosa do Vale do Ribeira, no sul do Paraná, produz sete milhões de caixas de poncãs por ano, o que equivale a metade de toda a produção nacional. As frutas rendem R$ 25 milhões, 80% da renda da região. Os trabalhadores de Cerro Azul, com 18 mil habitantes, dependem dos pomares, assim como 90% da economia da cidade, principal produtora do Vale.
Além da dificuldade natural de desafiar o ângulo dos morros, por causa do relevo, os trabalhadores vão colher menos caixas porque vai ser preciso parar para cortar os ramos e folhas, tanto no pomar como depois, nos barracões. A maioria colhia 60 caixas por dia, trabalhando cinco horas. Agora, cada funcionário colhe, no máximo, 20 caixas.
Segundo a Instrução Normativa número 1, de janeiro deste ano, do Ministério da Agricultura, só será permitido o trânsito de frutos cítricos que passaram pelo manejo integrado da doença e pelo processo de seleção, que é a retirada das folhas e ramos. O objetivo seria atender exigências dos países importadores. O Paraná publicou a resolução para se adequar. O responsável pelo Departamento de Fiscalização da Secretaria de Agricultura afirma que a região tem a doença e uma lei de 2006 já tratava do assunto, apenas não era cumprida.
O produtor Cidley Mariano obteve laudo negativo para a pinta preta no ano passado. Mesmo assim, teve que cumprir a lei. Ele diz que o custo aumentou porque precisou contratar pessoal para cortar com tesouras os ramos que ficam. Se puxar, um pedaço da casca pode sair e a fruta também não é aceita. Metade da safra ainda está nos 18 mil pés.
A Secretaria de Agricultura de Cerro Azul já pediu ajuda ao governo federal.