Com preços atrativos, o produtor rural Tiago Mendonça vai conseguir investir mais em tecnologia na próxima safra. Comprou mais adubo e espera produtividade melhor.
? Tivemos um aumento de R$ 40,00 por tonelada de adubo. Significa aí menos de um saco de soja, então a gente acredita que este aumento de tecnologia em relação ao adubo vai fazer a diferença na produtividade ? diz Mendonça.
A estratégia do agricultor da região de Morrinhos, sul de Goiás, foi esperar o momento certo.
? A decisão de comprar o adubo este ano foi em relação de sacas de soja por tonelada. Quando nós atingimos o nosso objetivo em relação a esta troca, nós efetuamos a compra e a gente acredita que vai ter um retorno, dessa forma, para a próxima safra ? acrescenta o produtor.
O momento é certo não só para Mendonça. Os analistas confirmam: Os custos de produção cairam muito. E eles acrescentam, é hora de aproveitar.
? Agora é hora de travar os custos, os custos tão otimistas, mesmo levando em consideração um cenário de manutenção desses preços que tão nesse patamar hoje ou de até uma queda pequena. O produtor que conseguir travar os seus custos aos níveis atuais ele garante uma margem mínima ? diz o analista de grão da AgraFNP, Pedro Colussi.
Não é que o fertilizante esteja barato. Na verdade, está retornando ao preço normal. De acordo com a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), no segundo semestre do ano passado os valores subiram 100%. A saída usada por muitos agricultores foi reduzir as aplicações na lavoura. Novamente . A Anda estima que os preços tenham caído entre 60% e 70% de outubro de 2008 até julho deste ano.
? O nitrogênio teve uma queda muito rápida, muito evidente, porque o nitrogênio está ligado ao gás natural, ao petróleo. Então, já no final de 2008, a redução dos preços de uréia, sulfato de amônio e nitrato foram muito fortes e elas estão correlacionadas ao petróleo. O fósforo também houve uma redução forte e eu diria que também chegamos no fundo do poço ? explica o diretor da Anda, Eduardo Daher.
Já com o cloreto de potássio, outra metéria-prima importante para a fabricação de fertilizantes foi um pouco diferente.
? Este cloreto teve uma elevação de preço muito grande em 2008 e nenhuma redução na medida em que os grandes players desse mercado os quatro maiores consumidores de nutrientes, China, Índia, Estados Unidos e Brasil, pararam literalmente de comprar. Agora, o que se vê é essa acomodação ? completa Daher.
Além dos preços baixos, o que está havendo é uma melhor relação de troca. Graças à reacomodação das commodities agrícolas.
? Ano passado, nessa época, no Mato Grosso, para comprar, para cobrir os custos pra fazer um hectare de soja, de defensivos, fertilizantes e sementes, o produtor comprometia mais de 30 sacos de soja por hectare. Esse ano, a maioria dos produtores conseguiu nos últimos meses fazer os custos da sua lavoura na faixa dos 25, 24, 26 sacos de soja por hectare. Então, isso também é um incentivo a mais para que os produtores realizem um plantio com uma tecnologia mais adequada ? conta o diretor da Agroconsult, André Pessoa.
De janeiro a junho, os agricultores compraram 8,455 milhões de toneladas de fertilizantes, o que representa 38% da expectativa de venda do ano. Ou seja, mais de 60% ficaram pra ser adquiridos no segundo semestre, que poderá não contar com este cenário positivo, já que vai depender de outras variáveis. Uma delas é a logística.
? Nós acreditamos que deixar muito pro final do segundo semestre ou deixar muito pra última hora pode ser permicioso porque os fretes vão encarecer e vai haver um certo congestionamento de todo mundo querendo comprar no mesmo momento, ora uma demanda crescente e uma oferta restrita pelas importações e pela produção nacional, a tendência do preço mais adiante é subir ? finaliza Eduardo Daher.