Projeto incentiva geração de renda para jovens paraenses

Seleção de participantes começará por em 30 municípios de várias regiões do EstadoCinquenta jovens de comunidades rurais de Dom Eliseu, no nordeste paraense, serão beneficiados pelas ações do Teia Mandalla Juvenil, um projeto que tem como principal objetivo gerar oportunidades de trabalho e renda em comunidades rurais, a partir do uso racional e harmônico dos recursos naturais. A seleção começará ainda neste mês e será feita por uma equipe da Agência Mandalla, que realiza o projeto em vários estados brasileiros.

Em todo o Estado, o projeto será implantado em 30 municípios, beneficiando 1,5 mil jovens, com investimentos de aproximadamente R$ 2 milhões.

Dom Eliseu tem cerca de cinco mil produtores agrícolas, grande parte formada por pequenos proprietários, com destaque para a produção de grãos. A tradição das comunidades foi um dos diferenciais para que o município fosse selecionado para a implantação do Mandalla. Pioneiro no Pará, o sistema associa várias culturas e criação de animais em uma pequena área, construída com poucos recursos, mas que tem gerado bons lucros para cerca de três mil pessoas de 50 cidades brasileiras, distribuídas em 12 estados.

As ações do projeto vão até julho de 2010, com atividades teóricas e práticas em seis módulos. Cada município receberá oito mandallas, onde os jovens receberão o repasse prático do sistema distribuído em duas turmas de 25 alunos.

Uma das 22 comunidades rurais de Dom Eliseu é a Colônia Paraíso, onde vivem mais de 100 famílias e que tem uma população jovem bem representativa.

? Acho que a gente vai ter jovem participando. É um projeto bom e que vai trazer bons resultados ? disse o presidente da Associação dos produtores Rurais da colônia, Florisvaldo Matos.

Mesmo quem mora na zona urbana se interessou pelo projeto durante o lançamento no município.
? Trabalho com informática, aqui na cidade, mas vou querer participar ? comentou Giovani Souza.

Para o secretário de agricultura, pecuária e abastecimento de Dom Eliseu, Adálio Vitoriano, o projeto “é uma alternativa viável e que pode contribuir para o crescimento da agricultura do município, com a qualidade da produção e dos produtos”. Ele destaca que atender aos jovens “é importante para garantir a continuidade da produção agrícola local e, consequentemente, produtos mais baratos no mercado, pois incentiva a permanência dessas pessoas no campo”.

A intenção dos realizadores do projeto ? Sebrae no Pará e Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ? é formar uma rede de empreendimentos sustentáveis, que tornará possível a revitalização social, econômica e ambiental de núcleos produtivos rurais, a partir da reestruturação de unidades produtivas familiares rurais.

? Entre outras coisas, o Sebrae aposta no projeto por causa da educação empreendedora, pois as propriedades são empreendimentos que precisam de gestão, e isso será mostrado aos jovens ? ressaltou o gerente da Unidade de Agrobionegócios do Sebrae no Pará, Carlos Lisboa.

Além de Dom Eliseu, o projeto já foi lançado em Abaetetuba e chegará, até o final de março, a Santa Izabel do Pará, Marabá e Redenção. Também serão atendidos Barcarena, Igarapé Miri, Gioanésia do Pará, Moju, Ourilândia do Norte, Santana do Araguaia, Tucumã, São Félix do Xingu e Tailândia, Bom Jesus do Tocantins, Conceição do Araguaia, Curionópolis, Eldorado do Carajás, Floresta do Araguaia, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Parauapebas, Pau D’ Arco, Rio Maria, Rondon do Pará, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, São João do Araguaia e Xinguara.

A escolha foi realizada com base em estudos que apontam características comuns às localidades, tanto de forma isolada quanto em conjunta, como profundas transformações em determinados sistemas agro-industriais, que provocaram redução significativa do nível de emprego, e necessidade de alternativas para o uso racional das terras, tendo em vista ações de reforma agrária e imigração de famílias de outros estados. Um dos pontos que merecem destaque neste cenário é o crescente êxodo rural, principalmente da população jovem sem perspectivas nas comunidades.

Sistema barato

Quem vê pela primeira vez acha a ideia um pouco estranha. Ao invés de uma plantação tradicional, no sistema Mandalla os canteiros são circulares, formados ao redor de uma fonte d’água. A inspiração vem da mandala ? símbolo cultivado desde a antiguidade que representa a relação do homem com o universo ou ainda os planetas ao redor do sol.

O sistema tem até nove círculos concêntricos de dois metros de largura. No reservatório de água, o agricultor pode criar peixes e patos, cujas fezes fertilizam os canteiros. Os três primeiros círculos servem ao plantio de hortaliças, os próximos cinco, para culturas diversas, e o último canteiro serve à proteção ambiental, podendo receber plantas nativas, medicinais ou frutíferas.

O custo é baixo, podendo construir uma mandalla com R$ 1.250,00. A área para a montagem da mandalla padrão ? o kit é comercializado pela Agência Mandalla, única autorizada no Brasil a fazer isso por ser idealizadora da metodologia ? é de 2,5 mil metros quadrados, podendo ser feita em dois dias. Não é necessário construir todos os círculos de uma vez.

A orientação da agência é que o agricultor trabalhe o primeiro até estar todo cultivado e aí prossiga ao segundo até chegar ao último. As quantidades de materiais para a construção variam segundo o diâmetro das esferas. A primeira tem 31,4 metros de mangueira e a última, 131 metros.