Produzir, processar e comercializar a soja com responsabilidade no mundo inteiro. Este foi o foco da IV Conferencia Internacional da Soja Responsável, que reuniu representantes de diversos países, em Campinas, interior de São Paulo.
? A tendência é o mundo ser cada vez mais consciente ? afirma o presidente da Associação Internacional de Soja Responsável, Christopher Wells.
A soja é um dos principais produtos de exportação do agronegócio brasileiro. Pensando nisso, os maiores grupos exportadores do país já se preparam para atender uma demanda que prioriza o produto economicamente viável, social e com responsabilidade ambiental.
? O agronegócio não teria como ficar fora dessa discussão. E, talvez nessa questão ambiental, pode ser que o agronegócio seja um dos ramos de negócios a entrar nessa seara. Mas eu acredito firmemente que é o setor que talvez possa dar o maior número de contribuição para melhorar o meio ambiente ? afirma o supervisor do meio ambiente do Grupo André Maggi, João Shimada.
? Responsabilidade da soja é uma demanda de mercado principalmente européia, que quer com que nós atendamos não só as variáveis econômicas, como as ambientais e as sociais de um agente responsável ? completa o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlos Lovatelli.
No projeto a ser votado na próxima quinta pelos 108 membros da Associação Internacional de Soja Responsável, estão os princípios e critérios para produzir a soja responsável. Dez pontos foram estabelecidos e o principal é o respeito ao meio ambiente. Se aprovado, começam os testes em algumas produções. Mas uma questão que ainda não ficou muito clara é se o produtor vai ser mais bem remunerado por produzir desta forma.
Isso é o que mais incomoda o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Ricardo Arioli. Do jeito que está, ele não vê vantagens para o sojicultor, pois o custo de produção vai aumentar.
? Nós só temos cedido e concedido. Quando chega na hora de vir o pagamento, vir o prêmio pelos melhores trabalhos, pelas melhores práticas que nós temos, o prêmio nunca vem. Então, isso nos incomoda e realmente nós estamos repensando a continuidade da participação da Aprosoja no RTRS, em função de que essa alta de objetividade da remuneração do agricultor está demorando para acontecer.
A mesma opinião tem o chefe-geral da Embrapa Soja, José Cattelan:
? Por que do que adianta o produtor tomar todos esses cuidados, se adequar, se ele não tiver nenhuma retribuição, nenhum prêmio?