A pesquisadora de Centro de Estudos do Comércio Exterior do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Lia Valls Pereira lembra que cerca de 60% das exportações são de commodities agrícolas, minerais e siderúrgicos, produtos que são mais afetados pela demanda mundial.
? As commodities estão em alta de preço bem marcante ? afirmou.
Com isso, pode haver alguma redução na quantidade exportada. No entanto, os preços mais elevados compensam a menor quantidade.
Segundo Lia Valls, a queda na cotação do dólar pode gerar algum efeito para pequenas empresas.
? Para a pequena empresa, o câmbio é fundamental. Aí a empresa pode jogar o produto no mercado interno. Os efeitos [da redução da cotação do dólar] são setoriais ? acrescentou a pesquisadora.
Lia acrescentou, entretanto, que as empresas pequenas costumam observar a tendência da cotação do dólar em médio prazo para tomar a decisão de direcionar os produtos para o mercado externo ou interno.
Para o economista Raphael Martello, da Tendências Consultoria, “no médio e longo prazos, a economia americana deve se recuperar e a força do dólar deve voltar”.
? Essa volatilidade de curto prazo do câmbio não afeta as exportações. O país tem exportado minérios que estão com preços elevados e a demanda é muito forte ? avaliou.
Segundo Martello, a menor expectativa para o superávit comercial (exportações menos importações) vem da previsão de aumento das importações, principalmente com a proximidade do Natal. A projeção da consultoria para as importações, que já foi de US$ 171,3 bilhões, está em US$ 175,8 bilhões. Para as exportações, a expectativa permanece em US$ 193,8 bilhões. Com isso, o superávit comercial ficará em US$ 18 bilhões, contra os US$ 22,5 bilhões previstos anteriormente.
Para Martello, o Banco Central (BC) deve comprar um volume maior de dólares por conta da capitalização da Petrobras e assim enxugar parte da forte entrada de dólares que será gerada pela operação da estatal.
Desde a última quarta, dia 8, até esta sexta, dia 10, o BC realizou dois leilões por dia de compra de dólares no mercado à vista. Foi a primeira vez em que a instituição fez operação dupla em um único dia desde maio deste ano. Apesar disso, a moeda americana fechou a sexta-feira cotada a R$ 1,72 para venda, o menor nível em nove meses.