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Retrospectiva 2010: Ano foi de supersafra

Bons preços fizeram de 2010 um ano excelente para os produtores de grãosO ano de 2010 foi o da supersafra. A colheita foi farta, a maior da história do Brasil, e bons preços fizeram o ano excelente para os produtores de grãos.

 
As máquinas trabalharam pesado, e nunca se colheu tanto em terras brasileiras em 2010. A chuva na hora certa ajudou no desenvolvimento das lavouras. Foram mais de 47 milhões de hectares plantados. O resultado foi uma safra de 149 milhões de toneladas de grãos.

? A nossa região aqui é boa de chuva. Aqui sempre chove o suficiente pra colher, dificilmente tem perdido por falta de chuva. E a gente espera que esse ano seja igual ? diz o agricultor Álvaro Pereira de Souza.

O produtor dedica a maior parte da área plantada à soja. Este ano destinou 1,1 mil hectares ao cultivo do grão. Outros 200 hectares foram plantados com milho.

? Se você não tiver lucro com a soja, prejuízo também você não tem. É muito difícil, você sempre cobre os custos. Agora o milho é diferente. O milho, se der uma “sequinha” de 20 dias, ele já cai em 50%, e 50% não cobre os custos. Então é uma lavoura muito perigosa ? explica Souza.

Nos primeiros meses do ano, os produtores sentiram o impacto da colheita farta. A saca da soja em janeiro estava na faixa de R$ 42, mas ficou abaixo de R$ 33 em março, o menor preço do ano. Já o milho, que estava acima de R$ 20 em janeiro, chegou a valer menos de R$ 18 em maio, de acordo com o Cepea/Esalq.

? Nós estávamos muito preocupados, realmente apavorados, chegando em certos momentos de rentabilidade negativa para a produção de soja, de muitas commodities ? diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira.

Porém, a tensão não durou mais que um semestre. A produção agrícola no mundo foi menor do que se esperava. Por outro lado, o consumo de alimentos dentro e fora do Brasil aumentou. Paises em desenvolvimento, como Índia e, principalmente, China, importaram mais e de uma hora para a outra, a fartura virou escassez.

? Em basicamente 30 dias, fez com que os preços saíssem daquela expectativa de US$ 9 em Chicago e fosse subindo e chegando a patamares que nós de forma alguma esperávamos que fosse ter em um ano como esse ? diz Silveira.

A soja na Bolsa de Chicago foi de US$ 9,12 no início de junho para US$ 13,29 em novembro. É uma diferença de 45,7% que elevou o grão ao maior patamar de preços em dois anos. No Brasil, a saca de 60 quilos foi para US$ 51,37 em novembro, diferença de 55,8% em relação ao preço de março. E o preço da saca do milho ficou acima de R$ 29, 61,88% mais caro que a mínima do ano. Outras commodities como café, açúcar e algodão também bateram recordes históricos de preço e influenciaram os negócios por aqui.

Não foram apenas a escassez de alimentos e o aumento do consumo que fizeram os preços dispararem. A alta também é explicada pela forte especulação nos mercados. Quem investe em commodities na bolsa não precisa ser necessariamente produtor rural ou representar uma trading, mas basta ter dinheiro. Isso não faltou em 2010.

Ainda em tempos de crise, as medidas para estimular a recuperação da economia global fizeram aumentar a quantidade de dinheiro em circulação no mundo. Ficou mais barato tomar empréstimos para investir.

? Quem tem muito dinheiro na mão precisa rentabilizar aquele dinheiro. Se eu não consigo colocar em renda fixa, títulos, não consigo colocar em renda variável, ações, eu coloco em commodities. E aí um fica tentando convencer o outro que a escassez dele é mais absoluta que a do outro. Então você tem um processo de valorização em boa medida que é artificial ? explica Silveira.

Os preços também se ajustaram à queda do dólar. Com as oscilações do câmbio, consideradas fora do comum, a moeda americana deixou de ser considerada um investimento seguro. Trata-se de mais um ponto a favor das commodities.

? Essa mudança de dólar-euro, de patamar que a gente viu dentro do ano parece a moeda brasileira. Não é comum a gente ver isso na moeda americana em relação às outras moedas desenvolvidas no mundo. Então isso assusta um pouco também e faz com que tenha essa fuga pra commodities ? diz o economista Sérgio Valle.

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