RS: Safra de trigo pode ter perda de 50%

Representantes do setor pedem renegociação de dívidas e definição sobre o destino do grão de baixa qualidadeO cenário é alarmante para os produtores de trigo do Rio Grande do Sul. O clima prejudicou a safra e a quebra no Estado pode passar de 50%. Representantes do setor pedem a renegociação das dívidas dos agricultores e uma definição sobre o destino que vai ser dado ao cereal de baixa qualidade.

Além da preocupação com a qualidade, as dívidas é o que mais assusta. Diante do problema, entidades, bancos, seguradoras e o Ministério da Agricultura se reuniram para discutir medidas que possam amenizar a situação crítica.

– Nós lamentamos que parte do seguro privado, por exemplo, não vai cobrir a qualidade do produto. O que nós já estamos desenhando junto com a Farsul, que vai capitanear esse processo para encaminharmos ao Mapa e ao Banco Central, é uma proposta de renegociação desse saldo, que não está sendo coberto pelo seguro – fala o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Luiz Carlos Heinze.

A baixa qualidade do grão também preocupa. O PH do trigo gaúcho está muito baixo e é preciso encontrar um destino para o grão.

– A Embrapa ficou de consultar, para saber da possibilidade de usar esse trigo que está dando abaixo do padrão, se ainda dá para ser utilizado para ração animal. Imagina nós colhermos essa produção e com valor zero, pior dos mundos para o produtor que nem seguro vai ter para cobrir esse preço – cogita Heinze.

Além do destino, também é preciso saber quais as medidas que podem ser tomadas em relação às dividas do produtor. Entidades, como a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina (Fecoagro) apoiam a prorrogação de três anos, um item que vai ser avaliado pelos bancos.

– O que a gente pode fazer é um grande mutirão, buscando uma solução de curto prazo para que todas as análises sejam feitas o mais rápido possível e esse produtor tenha a possibilidade de renegociar agora, em questão de dois a três meses – afirma o gerente de Mercado do Agronegócio do Banco do Brasil, João Paulo Comerlato.

No fim do encontro ficou decidido que vai ser montada uma espécie de força-tarefa, onde vão ser formalizadas propostas que possam amenizar os prejuízos no campo e encaminhá-las ao Mapa.

– O importante, paralelo a isso, é a identificação do volume que temos, das condições em que esse produto se encontra e buscarmos um mercado no sentido de contarmos com a colaboração do Ministério da Agricultura – finaliza Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).