O desenvolvimento de novas variedades de trigo específicas para o Cerrado estão animando produtores de Mato Grosso a voltar a investir na cultura. O estado foi um grande produtor do cereal entre as décadas de 1980 e 1990, mas acabou ficando para trás. A retomada vem sendo estimulada pelo resultado de pesquisas de dos centros da Embrapa – Trigo e Cerrados –, que chegaram a cultivares mais adaptadas ao clima e resistentes a três tipos de nematoides.
O produtor rural Lino José Ambiel vem realizando testes com uma dessas novidades há cinco anos. Ele afirma estar satisfeito com a produtividade obtida em uma área de 1,5 hectare. “Tem variedade chegando a 78 sacos (por hectare), fazendo média de 65 sacos”, diz.
O que ainda deixa o produtor em dúvida é a janela ideal de plantio. Ele vem semeando o trigo por volta do dia 20 de junho, mas, dessa forma, diz, a cultura pega muito sol em agosto. “Acho que, plantando no mês de maio, já fica bem melhor, com tendência de fazer uma produção bem melhor ainda”.
O pesquisador Hortêncio Paro, da Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Assistência Técnica (Empaer), afirma que já há conhecimento técnico para atingir bons resultados tanto no cultivo de sequeiro quanto irrigado. “Para o trigo de sequeiro, nossa expectativa é sempre de 35 a 40 sacos por hectare, algumas variedades chegaram a produzir cerca de 50 sacos”, diz.
De acordo com Paro, Mato Grosso vem sofrendo muito com nematoide, principalmente em áreas de irrigação voltadas à soja e ao feijão. Com o trigo entrando em rotação, proporcionando cobertura ao solo, haverá redução de nematoide e geração de lucro, assegura o pesquisador.
Apesar de haver interesse por conta da possibilidade de boa produtividade, os produtores de Mato Grosso ainda se mantêm com um pé atrás com a cultura por causa do preço e da comercialização. Para dar apoio a essas questões, o governo estadual criou uma lei, chamada de Pró Trigo. A ideia agora é buscar ajuda federal. O pesquisador da Empaer afirma que os agricultores aguardam o estabelecimento de um preço mínimo pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que possa remunerar a atividade.