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Trigo

Trigo: aumento do consumo mundial deve favorecer preços, diz FCStone

Por outro lado, produção e estoques mundiais devem se maiores no ciclo 2019/2020, o que pode pesar sobre as cotações do cereal

plantação de trigo
Foto: Bruno Marcolin/Arquivo pessoal

A consultoria INTL FCStone aponta que a perspectiva é de aumento no consumo de trigo em 2020. Além disso, aparecem como fatores positivos para os preços do cereal as perdas nas safras de países do hemisfério Sul e o recuo na área plantada nos Estados Unidos.

Por outro lado, produção e estoques mundiais devem se maiores no ciclo 2019/2020 e as condições para a temporada americana são boas.

No último trimestre de 2019, o preço do trigo acumulou altas, influenciado pelo impacto das intempéries climáticas nos países produtores do hemisfério Sul e pela percepção de aumento da demanda, com destaque para as importações do Egito, que ocupa o primeiro lugar nas compras do cereal no mercado externo.

Na safra 2019/20, registrou-se aumento da oferta global do cereal e os estoques também devem crescer, como resultado da maior oferta na Rússia, Ucrânia e União Europeia, mais que compensando as perdas de produção da Argentina e da Austrália.

A safra norte-americana tem se mostrado bastante positiva, com destaque para as boas condições do trigo de inverno. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima uma produção de 52,26 milhões de toneladas no ciclo 2019/2020, um aumento de 952 mil toneladas em relação ao ano anterior.

Mesmo assim, a tendência de queda dos estoques deve continuar se verificando para a safra 2019/2020. Segundo o USDA, até o fim do ciclo, os estoques de trigo do país devem ficar em 27,59 milhões de toneladas, nível ainda muito confortável, mas que representa uma redução de 1,8 milhão de toneladas em relação à safra 2018/2019, além de ser o terceiro recuo anual consecutivo.

A previsão para a produção na Rússia é de 74 milhões de toneladas, aumento de 3,2% em relação ao ciclo anterior. Quanto à Ucrânia, outro importante produtor do cereal na região do Mar Negro, o USDA revisou a estimativa de produção para 29 milhões de toneladas na safra 2019/2020, nível recorde para o país e um avanço de 4 milhões de toneladas em comparação ao ciclo 18/19.

Com o aumento da produção, as exportações russas e ucranianas também devem crescer, com as estimativas do USDA estando em, respectivamente, 34,5 e 20 milhões de toneladas. De acordo com dados oficiais, até 11 de novembro, a Ucrânia já havia exportado 12,2 milhões de toneladas, volume 49,7% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Para a Austrália, a INTL FCStone estima uma produção de 15,2 milhões de toneladas. “Com isso, é esperado que o país perca parcela significativa do mercado e até mesmo tenha a necessidade de recorrer a importações, destacando que em maio desse ano foi aprovada primeira importação de trigo em mais de uma década”, diz.

Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a estimativa de produção está em 18,5 milhões de toneladas, um milhão de toneladas abaixo do nível alcançado no ciclo anterior. “A maior área plantada acabou sendo contrabalançada pelas perdas de rendimento, decorrentes de intempéries climáticas que incluíram seca, geada e granizo. Durante o início da colheita, temperatura e umidade elevadas aumentaram a incidência de fungos no centro leste da região agrícola, o que pode afetar o peso e qualidade dos grãos”, aponta.

No Brasil, a safra 2019/2020 encontra-se em fase avançada de colheita. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), no Paraná, a colheita chegou ao final, com a produção estimada para o estado em 2,13 milhões de toneladas, 24% a menos do que o volume do ciclo passado. No Rio Grande do Sul, a colheita também está em fase final e, apesar do aumento da produção, o estado sofreu com excesso de chuvas, que prejudicaram a qualidade do cereal colhido após a segunda quinzena de outubro, resultando em trigo com qualidade inferior à desejada para a panificação.

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