O mercado brasileiro de trigo iniciou outubro com as primeiras entradas de trigo recém-colhido chegando a regiões como o centro e sul do Paraná. Segundo o analista da Safras & Mercado Jonathan Pinheiro, com o bom avanço dos trabalhos no estado, alguns agentes compradores já buscam a redução das cotações, tendo em vista uma crescente oferta do produto.
Por outro lado, com um cenário de quebra de safra, no qual estima-se perdas chegando até 35% no Paraná, o mercado ainda sustenta cotações mais elevadas. O bom avanço da colheita de trigo no estado segue no foco do mercado brasileiro. A oferta no âmbito doméstico deve crescer representativamente.
“O mercado, porém, segue apresentando cotações resistentes a essa pressão. A taxa cambial elevada, apesar das recentes retrações, mantém o trigo nacional mais competitivo frente às paridades de importação”, comenta Pinheiro.
Além disso, as incertezas em volta do real potencial produtivo do país, principalmente devido à possibilidade de chuvas nesta reta final da colheita no Paraná e Rio Grande do Sul, levando a perdas ainda mais significativas para o quadro de oferta nacional, minimizam o viés baixista no curto prazo, segundo o analista.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2017/2018 de trigo no Paraná atingiu 47% da área estimada de 1,096 milhão de hectares.
A entidade informou ainda que 57% das lavouras de trigo estão em boas condições, 25% em situação média e 18% em situação ruim, divididas entre as fases de desenvolvimento vegetativo (1%), floração (9%), frutificação (29%) e maturação (61%).
O Paraná deve registrar uma produção de 2,92 milhões de toneladas de trigo, avanço de 30% frente ao ano anterior, de 2,244 milhões de toneladas. A produtividade média deve subir chegar a 2.664 quilos por hectare.
Rio Grande do Sul
Segundo boletim semanal da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS), as chuvas intensas e o granizo dos últimos dias causaram acamamento das plantas de trigo em diversas lavouras. No noroeste do estado, há várias áreas afetadas, fato que deverá trazer prejuízo aos triticultores da região.
A Safras explica que ainda é cedo para mensurar o impacto sobre a produção total. Como um todo, a situação da cultura ainda é considerada boa, com o potencial de produtividade se mantendo estável, ao redor dos 3 mil quilos por hectare.
No momento, a preocupação maior dos produtores é com a persistência do tempo úmido e quente prevista para as próximas semanas. Se esse cenário se concretizar, a qualidade final do grão que poderá sofrer sérios danos, resultando em um produto final de baixo valor.
RS: produtores de trigo comemoram preços melhores em relação à última safra