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Troca de milho por soja reduz consumo de fertilizante no país, afirma Yara

Queda nas vendas do insumo também está ligada à valorização do dólar, segundo o presidente da empresa

O presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, afirmou nesta quarta-feira, dia 28, que a perda de espaço do milho para a soja é um dos fatores que motivam a queda da compra de fertilizantes num ano em que o país deve, novamente, ter uma produção recorde de grãos. 

– A soja está remunerando bem mais; tem uma grande troca ocorrendo aqui na safra principal, e a questão é que a soja consume metade do fertilizante que o milho consome –, disse ele a jornalistas na sede da Federação de Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). 

Outro aspecto que hoje contribui para a diminuição da demanda por fertilizantes está diretamente relacionado à valorização do dólar. Hanzen reconhece que a disparada dos custos de produção pode levar agricultores a reduzir o pacote tecnológico no campo, esperando que haja reservas no solo. 

– É uma reação muitas vezes natural, embora não recomendada pelos técnicos –, disse.

Ele concorda com a Associação Nacional para Difusão de Adubo (Anda), que prevê queda de 5% do setor este ano. No primeiro semestre, os números indicavam retração de 20%, mas o segundo semestre veio acompanhado de uma recuperação natural por conta da sazonalidade. No acumulado até setembro, conforme a Anda, houve recuo de 6% com relação ao mesmo período de 2014.

Hanzen esclarece que o cenário menos favorável em 2015 não diminui a confiança da empresa no Brasil, mesmo com as turbulências políticas e incertezas econômicas. O ponto central é a expectativa positiva para o agronegócio. Segundo ele, a valorização cambial gera um dinamismo diferente para o setor, mas é saudável para a maioria das culturas, como soja, milho e café, que têm a remuneração quase que totalmente dolarizada e os custos apenas parcialmente dolarizados. 

– Neste primeiro ano em que o dólar passa de 2,5 [reais] para perto de 4 [reais], é bastante complicado o cenário, porque você precisa providenciar 60% ou 70% mais (dinheiro) para plantar a mesma área. Esta primeira subida do dólar traz esta preocupação, mas em seguida você vai colher uma safra provavelmente também com o dólar ao redor de 4 [reais]). É uma equação boa –, afirmou o presidente da Yara.

2016

Hanzen não fez projeções para o ano que vem, mas deixou claro que o “business case” do Brasil continua sendo muito bom pela alta capacidade de produção de alimentos. 

– Apesar dos percalços de curto prazo, não muda em nada nossa expectativa e nossos planos de expansão com relação ao Brasil. A gente estima que o ano que vem para a agricultura vai ser melhor do que este.

De acordo com o executivo, o mercado de fertilizantes deve voltar ao seu “caminho normal” em 2016. O setor teria crescido nos últimos 20 anos a uma taxa de 6% ao ano. 

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