Soja Brasil ouviu especialistas para explicar a importância do fertilizante na cultura da soja e o que deve ser levado em conta na hora de investir no insumo
Rikardy Tooge | São Paulo (SP)
Em uma safra que o corte de custos é o objetivo, saber no que investir menos e como diminuir se torna fundamental para o agricultor ter um bom retorno financeiro e produtividade. Um dos primeiros itens na lista de corte do sojicultor é a adubação, mas, se mal feito, isto pode acabar prejudicando o resultado final do produtor.
• Saiba como identificar um fertilizante adulterado
Para ajudar o agricultor a entender a importância da adubação e auxiliá-lo na tomada de decisão, o Soja Brasil ouviu o pesquisador da Embrapa Soja Adilson de Oliveira e o especialista agronômico da Yara Brasil Fertilizantes Harley Sales, para tirar as principais dúvidas do sojicultor com relação à adubação da soja.
Por que é necessário adubar?
O pesquisador da Embrapa explica que a adubação é fundamental para incrementar a produtividade de culturas como a soja, principalmente em solos tropicais, que é típico das principais regiões produtoras de alimentos no Brasil.
O fertilizante corrige e aumenta os nutrientes necessários para que a planta da soja possa absorver e ter bom desempenho com produtividade alta.
– A relação fertilizante x produtividade desempenha papel fundamental, pois as características naturais dos solos não dispõem da quantidade necessária de nutrientes para assegurar altos índices produtivos – argumenta Sales, da Yara.
Quais são os nutrientes necessários no solo?
Harley Sales explica que o produtor deve levar em consideração os níveis dos nutrientes essenciais que são comumente avaliados (direta ou indiretamente) na análise de solo: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, zinco, boro, cobre, magnésio, manganês, ferro, entre outros.
– Os nutrientes que a soja mais absorve do solo são fósforo, potássio e enxofre, são os que mais vão precisar de reposição. Tem também o nitrogênio, mas ele pode ser introduzido através da inoculação – afirma Adilson de Oliveira.
O agricultor deve considerar também os parâmetros que interferem na disponibilidade e retenção dos nutrientes (pH, CTC, textura) e aqueles que afetam o desenvolvimento das plantas (exemplo: alumínio).
O ideal é que o produtor tenha uma boa assistência técnica, para que ele possa confiar a interpretação dessas informações a um engenheiro agrônomo, que vai ientificar os níveis adequados de nutrientes e a necessidade de cada talhão.
Existe a ‘poupança de solo’?
Os solos possuem capacidade variável de retenção de nutrientes, portanto é possível sim ter uma “poupança ou reserva” de nutrientes à medida que se constrói a fertilidade do solo. No entanto, o tamanho desta reserva depende de fatores do próprio solo (CTC, teor de argila) e do manejo adotado pelo produtor, como o plantio direto adequadamente realizado.
A avaliação da “poupança de solo” depende de uma análise criteriosa dos índices apontados na análise de solo. O pesquisador da Embrapa Soja lembra que com os devidos critéiros técnicos, é possível utilizar essa reserva de nutrientes sem comprometer a produtividade da soja.
-Para construir a fertilidade do solo se leva muito tempo, não é de um dia para o outro (ou de uma safra pra outra). Assim como o uso desta “reserva”, num momento de alta dos preços dos fertilizantes, não irá “zerar” numa só safra, muito embora esta prática não seja a ideal – afirma Adilson de Oliveira.
Cortar a adubação é o melhor caminho?
Para o especialista da Yara, como a adubação possui uma relação direta com a produtividade, é importante que o produtor busque a racionalização da adubação nos tempos de crise, mas sem perder a força produtiva da soja. Ele explica que é importante buscar por produtos mais eficientes e práticas que permitam evitar desperdícios de nutrientes e perda de eficiência no momento da aplicação.
Adilson de Oliveira, da Embrapa Soja, considera um tiro no pé, o produtor abrir mão da adequada adubação. Como dito anteriormente, ele reforça que construir um solo produtivo leva anos e que fazer a manutenção dos nutrientes sai mais barato do que ter que repor/corrigir a deficiência de um ou mais nutriente em outro momento.
– É importante que o produtor encare a escolha de fertilizantes como investimento e procure obter a melhor relação custo-benefício. Por outro lado, evitar desperdícios e otimizar as operações de distribuição do fertilizante são fundamentais, especialmente quando realizadas em conjunto com a semeadura – orienta o especialista da Yara.
Vale lembrar que já mostramos no Soja Brasil que o atual campeão em produtividade de soja no país, Alisson Hilgemberg, gasta muito pouco na safra porque fez um trabalho de mais de 30 anos para melhorar o solo da propriedade. Um solo de qualidade leva tempo e muita análise.
Adubação técnica
Por fim, a principal orientação do especialista da Embrapa Soja é para que o agricultor faça uma adubação técnica, respeitando ao máximo o que diz a análise de solo e as indicações técnicas para a cultura. Em um solo devidamente corrigido, não é necessário exagerar na adubação para se aumentar a produtividade, mas, apenas repor o que a cultura retira (exporta) do solo com os grãos.
– Na análise de solo, o produtor vai ver se os níveis estão críticos ou acima do teor adequado. Em cima disso, ele vê a necessidade de adubação, diante de uma análise criteriosa dos nutrientes. Se os níveis estão altos, apenas a manutenção dos nutrientes é necessária – afirma.
- Agricultura
- Soja Brasil
- Agricultura
- agronegócio
- APROSOJA BRASIL
- biotecnologia
- Bolsa de Chicago
- Canal Rural
- capacitação
- Caravana Soja Brasil
- Cepea
- China
- COMÉRCIO EXTERIOR
- embrapa
- Estados Unidos
- Expedição
- mercado
- produtividade
- Safra 2014/2015
- safra 2015/2016
- sanidade
- Soja
- Soja Brasil
- Sojicultura
- técnicas
- USDA