Nesta terça-feira (25), os ministros da Agricultura da União Europeia (UE) se reuniram em Bruxelas para encontrar soluções diante da saída da Rússia do acordo de exportação do Mar Negro.
O cancelamento do acordo, que permitia o fluxo de grãos da Ucrânia para países da África, Oriente Médio e partes da Ásia, acarretou desafios logísticos e preocupações com a segurança alimentar das regiões afetadas, onde a fome é uma crescente ameaça e os preços dos alimentos estão em alta.
A retirada russa deixou como únicas opções para a Ucrânia o transporte de grãos através de rotas fluviais, rodoviárias e ferroviárias pela Europa.
No entanto, ataques recentes têm levantado questões sobre a viabilidade da rota crucial pelo rio Danúbio, que é responsável por transportar milhões de toneladas de alimentos ucranianos para os portos romenos do Mar Negro.
Países vizinhos também são afetados
O uso dessas rotas alternativas tem impactado os agricultores de países vizinhos da Ucrânia, que sofrem com a pressão dos preços dos produtos devido ao excesso de grãos ucranianos no mercado. Por sua vez, a Ucrânia enfrenta custos de transporte mais elevados e menor capacidade para realizar seus envios.
Diante desse cenário, o ministro da Agricultura da Polônia, Robert Telus, defende a possibilidade de seu país, em conjunto com Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária, estenderem a proibição de importações de grãos ucranianos, ainda permitindo que alimentos possam ser exportados de seus países para o resto do mundo. Essa proibição está prevista para expirar em meados de setembro.
A Comissão Europeia também se mostra envolvida na situação, e sua porta-voz, Miriam Garcia Ferrer, afirmou que o bloco está trabalhando intensamente com os cinco Estados-Membros envolvidos para encontrar uma solução.
Enquanto isso, em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatiza que a decisão sobre a questão cabe aos países bálticos, alegando que é um direito soberano deles determinar suas ações. No entanto, Peskov ressalta a importância de evitar que os canais de distribuição sejam usados para fins militares ou ataques terroristas em território russo.
Aumento de preço do trigo e do milho
Por sua vez, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, lamenta os efeitos negativos nos preços globais do trigo e do milho após a saída da Rússia do acordo de grãos. Guterres fez um apelo para que a Rússia retome a iniciativa de grãos, destacando a importância de garantir a segurança alimentar das populações mais vulneráveis. Ele pede que a comunidade internacional permaneça unida na busca por soluções para o problema.
Os preços do trigo já subiram mais de 14% desde o dia 17, quando a Rússia deixou o acordo de grãos, enquanto os preços do milho avançaram mais de 10% no mesmo período. As discussões entre a UE, países vizinhos e a Rússia continuam em curso, buscando encontrar uma resolução para a questão do transporte de grãos da Ucrânia e seus impactos no cenário mundial de alimentos.
______________
Saiba em primeira mão informações sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo. Siga o Canal Rural no Google News.