A Comissão Europeia decidiu proibir definitivamente o uso do inseticida tiacloprido por agricultores do bloco em virtude de sua relação com problemas ambientais e de saúde pública. O produto é vendido sob as marcas Calypso e Biscaya, da companhia de defensivos agrícolas Bayer, e já foi ligado à mortandade de abelhas.
A decisão foi publicada no site da Comissão na noite do domingo, 12. Na nota, o órgão afirma que segue a orientação da maioria dos governos do bloco e de pareceres científicos da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos.
O uso do produto já estava suspenso provisoriamente até 30 de abril de 2020 – quando expirava sua licença. Contudo, a UE decidiu não renovar a licença do agroquímico, proibindo definitivamente seu uso.
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“Existem preocupações ambientais relacionadas ao uso desse pesticida, particularmente sobre seu impacto nas águas subterrâneas, mas também relacionadas à saúde humana, na toxicidade reprodutiva”, disse a comissária de Saúde do bloco, Stella Kyriakides, em comunicado. A medida deve ser publicada no Diário Oficial da UE nos próximos dias, segundo a executiva.
Outro lado
A Bayer afirma que o inseticida tiacloprido é seguro mas que vai respeitar a decisão da União Europeia de proibir definitivamente o uso do produto no bloco. “A empresa continua acreditando que os produtos de proteção às lavouras baseados em tiacloprido podem ser usados com segurança quando medidas apropriadas de mitigação de risco são adotadas”, informa.
A companhia diz que a substância é uma “ferramenta importante” para os agricultores da UE, especialmente para culturas menores, citando estudo da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos sobre 500 tipos de pragas. “A Bayer considera que extensas evidências foram fornecidas e avaliadas para demonstrar a necessidade fitossanitária de numerosos usos de produtos tiacloprídicos em toda a Europa”, alega.
No comunicado, a fabricante acrescenta que 16 Estados-membros da UE confirmaram que sem o uso do inseticida há risco de infestações em suas lavouras.
Permitido no Brasil
No Brasil, o uso do produto é permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme resolução 3.329 de 2016. A permissão vale para aplicação foliar em culturas como algodão, citros, soja, cana-de-açúcar, feijão e em algumas frutas e vegetais.