Idrac, que preside atualmente o Conselho de Ministros de Comércio da União Européia, disse que o bloco “já foi generoso demais” com sua oferta agrícola dentro da Rodada de Doha para a liberalização do comércio mundial, que cerca de 30 países da OMC negociam pelo terceiro dia em Genebra, na Suíça.
Ao contrário, a UE considera que, para um acordo, é necessário que outros sócios cedam e lhe compensem especialmente na abertura às exportações de produtos industriais, e em outros aspectos como o respeito às denominações de origem, segundo Idrac.
Idrac disse, após uma reunião dos responsáveis para Comércio e Agricultura do bloco, que, neste momento da discussão da OMC, há uma “atenção extrema” em relação às conversas sobre os mercados industriais.
Na Rodada de Doha, a UE e os EUA querem aumentar o acesso aos mercados industriais, enquanto os países emergentes reivindicam que Washington e o bloco europeu cedam em agricultura, tanto nos subsídios quanto no corte de tarifas.
? Reafirmamos de maneira ofensiva e sem complexos nossa posição ? disse Idrac.
Sobre os mais recentes movimentos na reunião de Genebra, concretamente, a oferta apresentada pelos EUA para reduzir seus subsídios agrícolas para US$ 15 bilhões anuais, Idrac disse que se trata de um “passo” de última hora para se aproximar ao que a UE “faz há anos”.
A oferta européia para esta negociação em agricultura consiste em permitir uma redução de tarifas agrícolas de 54% ou 60%, segundo os tipos de cálculo, em suprimir suas ajudas à exportação, entre outras cessões.
Sobre os interesses “ofensivos” da UE, a representante francesa ressaltou o interesse na abertura de mercados industriais e de serviços, mas este último setor não é prioritário na reunião desta semana.
Idrac especificou, entre os pontos nos quais a UE discorda com os países emergentes ? como Brasil e Índia ? a chamada “cláusula anticoncentração”, que evitaria que os emergentes pudessem salvar completamente um setor específico dos cortes de tarifas estipulados, o que os emergentes rejeitam.
A ministra francesa acrescentou que os chefes de negociação da UE, o comissário de Comércio europeu, Peter Mandelson, e a comissária de Agricultura européia, Mariann Fischer Boel, não poderão ir à frente do “mandato atual”, ou seja, da oferta autorizada pelo bloco em agricultura, para a reunião da OMC.