Unica aponta quatro prioridades para o setor sucroenergético até 2020

Fechamento de usinas e expectativa de aumento na safra preocupam o setorOs destinos dos carros flex, as perspectivas da produção do etanol celulósico em escala comercial, a cooperação entre os países consumidores e produtores e as questões de natureza regulatória são os principais gargalos do setor sucroenergético, no entender da presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina. Para ela, o segmento precisa com urgência trabalhar no encaminhamento dessas prioridades. O setor vive um momento tenso, com perspectiva de aumento da safra e ao

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Elizabeth Farina, que discursou na abertura do na abertura do Ethanol Summit 2013 em São Paulo, disse que ao se pensar no cenário de 2020 é possível enxergar, de um lado, uma oportunidade ímpar de mercado e, de outro, importantes desafios e responsabilidades para o setor. Embora sete anos pareça um espaço de tempo curto, a executiva afirma que não é pouco tempo para um setor tão dinâmico como o sucroenergético.

A estimativa da Unica é que nos até 2020 a procura por combustíveis leves, como etanol, gasolina e gás natural, crescerá 50%. Mas para atender ao aumento da demanda serão necessárias pelo menos 100 novas usinas.

– Vejo 2020 como oportunidades para serem aproveitadas, mas isso vai depender de vários fatores. Um deles é, de fato, uma clareza da nossa política de preço de combustível. Nós temos que dobrar a produção de etanol, e isso significa ter que investir. A gente precisaria repetir o crescimento de 2006 a 2009 – disse Farina.

A executiva diz que carro com motor flex, que está completando dez anos no mercado nacional, é considerado o maior ativo da indústria sucroalcooleira.

– São 20 milhões de veículos que não estão usando a potencialidade que poderiam em relação ao etanol hidratado. A entrada dos motores movidos a álcool e gasolina tem uma importância enorme, inclusive, porque funciona como regulador do mercado – declarou.

Crise e novos investimentos

Em 2007, quando foi realizada a primeira edição do Ethanol Summit, Eduardo Pereira de Carvalho, então presidente da Unica, projetava investimentos de US$ 14 bilhões na construção de 86 novas destilarias até o ano de 2012. Mas o cenário foi o inverno, 44 usinas deixaram de moer cana e 100 mil empregos foram extintos. Outras dez usinas tam´bem deixarão de moer na próxima safra. As indústrias trabalham a 50% da sua capacidade nominal e o consumo per capita de álcool pelos veículos flex caiu de 1.500 para 611 litros por veículo nos últimos três anos.

A boa notícia é que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sinaliza com aporte de recursos para financiar estes investimentos apontados pela presidente da Unica. O vice-presidente do banco, Wagner Bittencourt, anunciou durante o Ethanol Summit 2013 que neste ano o banco deve voltar aos patamares históricos de desembolso para o setor, alcançando R$ 6 bilhões. O montante representa crescimento em relação ao ano passado, quando foram financiados R$ 4 bilhões.

– De 2008 a 2012, o banco desembolsou cerca de R$ 30 bilhões. Os investimentos resultaram em modernização e expansão de fábricas e lavouras. Até o mês de abril foram cerca de R$ 3,3 bilhões – afirmou Bittencourt.

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, também diz que os próximos anos serão de grande oportunidade para investimentos, a partir do que está previsto no Plano Decenal de Energia.

– Se nós dobrarmos a capacidade de produção de etanol no Brasil, ainda precisaremos colocar um volume correspondente a 14 bilhões de litros de gasolina em 2020. E isso pode ser o álcool.

Responsabilidade Ambiental

A deputada da União Europeia pela Dinamarca, Britta Thomsen, defendeu o etanol brasileiro como uma das soluções para a produção de energia limpa e renovável do mundo.

– É preciso desmistificar a ideia, comum em parte da comunidade europeia, de que a cana brasileira é plantada na Amazônia e que com ela o país está perdendo espaço para a agricultura voltada para o alimento.

A parlamentar disse que sua visita ao Brasil tem sido muito útil para conhecer como o etanol é plantado e produzido nas usinas. Por sua vez, Dennis Hankins, Cônsul Geral dos Estados Unidos em São Paulo, elogiou os investimentos no etanol brasileiro e ressaltou que há anos os dois países têm firmado acordos de cooperação para pesquisa e desenvolvimento de novos negócios no setor.

A secretária Estadual da Agricultura, Mônika Bergamaschi, enfatizou que a importância da cana-de-açúcar não se restringe a questões agrícolas, mas também à sustentabilidade do setor.

– É por isso que entendemos que a redução do valor do ICMS sobre o etanol em São Paulo, há 10 anos, contribuiu de forma significativa para o aquecimento do setor no Estado e para investimentos em energia limpa e sustentável, uma prioridade para o mundo – avalia.

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