Um desafio é que a safra atual está com andamento de 25% a 30% e os produtores já planejaram as produções para a atual mistura. De acordo com Rodrigues, a definição do governo sobre o tema seria mais conveniente no início da safra, que foi em abril.
– É muito difícil chegar aos 25% com produção nacional. É importante sair com a regra já definida de início de safra – argumentou.
Segundo a Unica, sem a conclusão do estudo, é inviável estimar até quanto a mistura de etanol na gasolina poderia ser elevada apenas com produção nacional. No entanto, a entidade diz que seria possível decidir por um aumento da mistura no caso de importação do produto, o que poderia ser feito pelos próprios produtores.
– Os produtores também estariam dispostos a assumir as importações, mas se isso não for a vontade do governo, não dá – completou Pádua, que não vê problemas na importação de etanol, uma vez que o Brasil importa gasolina.
Para Luiz Otávio Broad, analista da corretora Ágora, reduzir a compra de gasolina do exterior é o principal alívio que o aumento na mistura de etanol no combustível das bombas geraria para a Petrobras. Segundo o especialista, o aumento das importações de gasolina, a defasagem de preços do combustível pela falta de reajustes e a estagnação da produção de petróleo são os principais fatores a pesar sobre a companhia.
– É difícil ter outro reajuste este ano. Só se o preço do petróleo ou do dólar subir muito mais. Mexer com a mistura do etanol é algo mais factível do que um novo aumento afirmou, destacando que, mesmo após os reajustes anunciados em 22 de junho, a defasagem dos preços continuou em 7% para a gasolina e 17% para o diesel.
Com os preços dos combustíveis nas refinarias defasados, a Petrobras tem prejuízo na importação, já que compra gasolina por um valor elevado para vender mais barato no mercado nacional. Desta forma, um aumento do etanol na mistura permitiria importar menos gasolina.