A redução da estimativa de moagem decorre da menor produtividade agrícola do canavial. De acordo com dados apurados pelo CTC, o rendimento agrícola da área colhida até o final de setembro atingiu 70,60 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, queda de 18,20% em relação ao valor observado no mesmo período de 2010. A produtividade esperada para a safra 2011/2012 no Centro-Sul é inferior a 70 toneladas por hectare, redução de quase 20% em relação à média histórica de 85 toneladas por hectare.
Os principais fatores responsáveis por essa queda da produtividade agrícola são a idade avançada do canavial e as condições climáticas desfavoráveis para o desenvolvimento da planta, que incluem a estiagem prolongada nos meses de inverno nas últimas duas safras e a ocorrência de geada e florescimento no início da atual safra.
Além desses fatores, também contribuíram para a menor produtividade: a ampliação da mecanização do plantio e da colheita em áreas não sistematizadas; a incidência de novas doenças como a ferrugem laranja; o aumento do nível de infestação de algumas pragas; e o crescimento da produção em regiões com menor potencial produtivo.
O menor rendimento agrícola deve ser verificado em todos os Estados produtores da região Centro-Sul. Contudo, o impacto da quebra agrícola sobre a oferta de cana deverá ser menor nos Estados onde houve maior índice de expansão de área de colheita, como Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
No Estado de São Paulo, principal região produtora do país, a produtividade agrícola será a menor dos últimos 20 anos e a retração na moagem deverá superar 50 milhões de toneladas, com destaque para as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Araçatuba. Esse volume representa cerca de 80% da redução de moagem prevista para todo o Centro-Sul na safra 2011/2012.
? As variáveis mencionadas, somadas à expectativa de apenas quatro unidades produtoras iniciando moagem no próximo ano, deverão resultar em um crescimento tímido da produção na safra 2012/2013 ? afirma o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
O investimento na renovação do canavial é a melhor alternativa para acelerar o crescimento da produção de etanol e de açúcar a partir da safra 2013/2014, pois existe capacidade ociosa significativa na indústria e falta de matéria-prima, alerta o executivo.
ATR
A nova estimativa para a safra 2011/2012 projeta uma quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana de 137,30 quilos, recuperação de 1,63% em relação aos 135,10 quilos projetados na última revisão. A maior concentração de açúcares na planta deve minimizar a queda prevista para a moagem. Dessa forma, a redução efetiva na quantidade total de açúcar e etanol produzida deverá ser de apenas 2,70% em relação ao valor calculado na última projeção divulgada pela Unica (67,07 milhões de toneladas de ATR contra 68,93 milhões estimados anteriormente).
Produção
A Unica estima que 51,81% da cana projetada para a safra 2011/2012 será utilizada para produção de etanol, e 48,19% terão como destino a produção de açúcar. Com isso, a produção de açúcar deverá atingir 30,80 milhões de toneladas, queda de 2,44% em relação à estimativa anterior, e de 8,06% em relação aos 33,50 milhões de toneladas produzidas na safra 2010/2011.
Exportações
De acordo com a nova estimativa, as exportações de açúcar deverão atingir 21,20 milhões de toneladas nesta safra, queda de 13,96%. Já as exportações de etanol devem apresentar uma retração de 6,62% em relação ao volume exportado no último ano, totalizando 1,65 bilhão de litros na safra 2011/2012.
Parcela significativa do etanol que está sendo exportado refere-se a compromissos assumidos pelas empresas no passado e que, portanto, precisam ser cumpridos. Apesar da importação pontual observada neste ano, decorrente da quebra de safra, o país continuará sendo exportador líquido do produto.