A nova produção de matéria-prima para plásticos agora é nacional. Por permitir venda de tecnologia, vai colocar empresa e Estado na vitrina da inovação, do desenvolvimento próprio e do mercado global de processos de fabricação.
? É um negócio novo, que vai gerar futuras patentes ? diz Antonio Morschbacker, gerente de tecnologia de biopolímeros da Braskem.
Registro de patentes é um dos principais indicadores do esforço inovador, no qual o Brasil é sempre desafiado a melhorar. No mais recente ranking da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, a posição nacional recuou de 24ª para 25ª entre 137 países.
Uma resposta veio do esforço da equipe de oito engenheiros químicos e uma dúzia de operadores comandada por Morschbacker. A partir de 2003, resgataram a produção de PVC com álcool, que havia sido aplicada no início da década de 80, na Salgema ? hoje unidade de cloro e soda da Braskem em Maceió (AL).
Na época, incentivos do Proálcool permitiram transformar o combustível em material usado em canos, portas e janelas, mas o processo foi abandonado. Com o avanço da preocupação ambiental, surgiu a retomada.
Foi preciso adaptar o processo, para reduzir em 10 vezes o teor de impurezas no etanol para trocar seu destino final do PVC para o polietileno. As mudanças na tecnologia dos anos 80 foram feitas no Centro de Tecnologia e Inovação em Triunfo (RS) para obter qualidade a custo razoável.
? Aplicamos principalmente capital humano e intelectual. Usamos alguns equipamentos e insumos importados, mas evoluímos e chegamos a uma tecnologia 100% brasileira, sobre a qual temos total liberdade de uso e venda ? reforça Morschbacker.
Grandes empresas seguem caminho
João Luiz Zuñeda, diretor da Maxiquim, consultoria do setor químico, destaca a mudança na importação de conhecimento que a unidade representa:
? É tecnologia desenvolvida no Brasil, e no polo de Triunfo, que foi implantado e ampliado com tecnologia comprada. A Braskem está saindo na frente, todas as grandes do setor estão apostando nos biopolímeros, como a Solvay e a Dow.
Em agosto, o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, informou que a companhia é procurada por parceiros e até por governos de países para aplicar a tecnologia.
? Este é um momento especial para o Rio Grande do Sul, que se torna um centro de tecnologia sustentável. O mundo todo está olhando para isso, e o Estado passa a ter uma atividade de ponta ? reforça Manoel Carnaúba, vice-presidente de petroquímicos básicos da Braskem.