Na ocasião, os pesquisadores compartilharam trabalhos de pesquisa multidisciplinar, discutiram desafios das três áreas do conhecimento e planejaram ações do instituto para os próximos anos.
O Biofabris se destina à integração de ferramentas computacionais, criação de novos materiais e aplicação de técnicas das engenharias para a obtenção de dispositivos biomédicos, como próteses e órteses ortopédicas, e de substitutos biológicos para tecidos vivos ou órgãos humanos defeituosos.
? O instituto pretende agregar conhecimentos de várias áreas da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento de processos e produtos, sejam eles manufaturados ou feitos por meio de técnicas computacionais avançadas, para uso na saúde humana ? disse Rubens Maciel Filho, professor titular do Departamento de Processos Químicos da FEQ e coordenador do Biofabris.
? A proposta é estudar novos materiais, tanto poliméricos como cerâmicos e ligas metálicas, construir peças e até mesmo desenvolver tecidos para órgãos do corpo humano. Nesse caso, os avanços em prototipagem rápida permitirão a produção de peças com o formato adequado para cada tipo de órgão, a partir de informações digitalizadas de tomografia computadorizada, por exemplo ? destacou Maciel, que também é um dos coordenadores do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
O Biofabris é um dos nove Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) com sede na Unicamp e um dos 44 no Estado de São Paulo, onde estão sendo instalados por meio do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do MCT/CNPq/FAPESP.
O programa é conduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a FAPESP. O apoio da Fundação permitiu a ampliação dos recursos federais investidos em São Paulo para a criação de institutos.
O programa prevê a criação de dezenas de INCTs espalhados pelo país que funcionarão de forma multicêntrica, sob a coordenação de uma instituição-sede que já tenha competência em determinada área de pesquisa.
Os projetos aprovados têm as características dos Projetos Temáticos da FAPESP, modalidade que se destina a apoiar propostas de pesquisa com objetivos suficientemente ousados, que justifiquem maior duração e maior número de pesquisadores participantes.
Conhecimentos antigos e novos
Os biomateriais são materiais compatíveis para serem utilizados em funções específicas do corpo humano, por terem propriedades que permitem que eles sejam completamente absorvidos pelo organismo e também por serem inertes (não sofrem rejeição).
A expectativa é que, com o Biofabris, seja reduzida a dependência tecnológica do Brasil em áreas como biofabricação, técnicas de prototipagem rápida e avaliação dos componentes in vivo e in vitro. Para isso, além de gerar conhecimentos novos, o instituto integrará estudos que já vêm sendo realizados em diferentes centros de pesquisa do país.
? A criação desse instituto é algo inovador. Na área de biofabricação não temos nada parecido atualmente no país, uma vez que iremos agregar e consolidar as competências individuais de vários cientistas espalhados pelo país, em temáticas de pesquisa que estão na fronteira do conhecimento em centros de todo o mundo ? disse o professor Maciel.
Outra importante meta do instituto é formar recursos humanos capacitados para trabalhar com a produção de biomateriais para aplicação em procedimentos médicos.
? Teremos no Biofabris um grande número de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado de todas as instituições participantes, gerando uma interface próxima entre as atividades de ensino e pesquisa ? disse.
Participam do INCT em Biofabricação pesquisadores de diversas instituições de ensino superior em São Paulo e em outros estados. A intenção é reunir mais centros com competências que possam, juntamente com parceiros industriais, desenvolver novos projetos de pesquisa em biofabricação.