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Universitários da zona rural são minoria no país, aponta IBGE

Acesso ao ensino superior é desafio para jovens que vivem no campoO acesso à educação básica de qualidade é um desafio para os jovens que vivem no campo. Em relação ao ensino superior, a realidade é ainda pior. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nem 2% dos universitários do país são da zona rural.

Desde que concluiu o Ensino Médio, em 2009, o agricultor Genilson da Costa não tocou mais nos livros. Ele ainda sonha em cursar agronomia ou veterinária, mas a família depende da sua ajuda nos três hectares onde cultivam hortaliças para manter a renda.

Além da rotina de trabalho, até a cidade são pelo menos quatro horas, devido aos horários dos ônibus, que são reduzidos.

? Para estudar, preciso sair daqui, arrumar um emprego na cidade e morar lá mesmo ? diz.
 
Somente 17% dos jovens rurais (com mais de 25 anos) completaram o nível médio ou superior. O mais comum nas instituições universitárias são casos como o estudante Eduardo Baron. Ele estuda agronomia por influência do pai, agricultor, mas não mora no campo. Experiência com as lavouras ele ganhou no último ano, quando assumiu a plantação da família de 200 hectares.

? A gente vê muita gente que entrou na universidade, e fala que entrou por causa das matérias. Mas não sabe o que estuda, nem o que acontece no campo, nunca viu um trator ou uma plantadeira. Quando você sabe onde está pisando é mais fácil, mais seguro ? explica.

Na Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, agronomia e veterinária possuem cerca de 800 alunos. Pelo menos 50% são estudantes da cidade. É por isso que, além de conhecimentos técnicos, o curso precisa abordar fatores sociais que envolvem a vida no campo.

? A nossa proposta é fazer com que o aluno entenda as dificuldades do campo, daquela população com quem ele vai trabalhar. Para que ele, dessa forma, consiga agir e dar melhor qualidade de vida para aquelas pessoas ? esclarece a vice-diretora do curso de agronomia e medicina veterinária da Universidade de Brasília (UNB), Simone Perecmanis.

O sociólogo da UnB, Antônio Flávio Testa, acredita que o esforço somente da universidade não é suficiente. O ideal é fazer com que o jovem do campo também continue estudando.

? Há uma corrida para tentar minimizar essa distância, mas ainda assim há uma defasagem significativa. Entre o jovem do campo e o jovem urbano há uma diferença muito grande de perspectiva, de visão de mundo. Aqueles que são obrigados a sair do campo e ir para as cidades para se especializar, formar, dificilmente querem voltar, até porque tudo que eles tem de informação está focado naquele ambiente ? relata.

? O jovem agricultor tem que saber que ele pode gerar riqueza e aumentar sua produtividade focado no campo. Para que eles possam se sentir felizes naquela região e quando quiserem viajar para as cidades grandes possam ir numa condição muito melhor que daqueles que são obrigados a viver como se fossem expulsos do campo. Muitos acabam na periferia das grandes cidades, tendo uma vida que não vai resolver os seus problemas ? argumenta Testa.

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