O relatório apontou uma produção de soja nos Estados Unidos de 82,05 milhões de toneladas, número acima da projeção feita em dezembro que era de 80,66 milhões de toneladas. Os estoques aumentaram, passando de 3,54 milhões de toneladas para 3,67 milhões de toneladas. Com a expectativa de oferta maior, o preço do grão no Brasil pode cair.
O relatório mostra ainda que no caso do milho a safra é de 273,83 milhões de toneladas, número acima da projeção feita em dezembro, que era de 272,43 milhões de toneladas. No entanto, os estoques do grão diminuíram de 16,43 milhões de toneladas para 15,29 milhões de toneladas. Se as estimativas persistirem, a seca que ano passado quebrou a safra de milho norte-americana vai fazer os preços no Brasil novamente aumentarem.
— A gente espera daqui pra frente um mercado mais positivo. Os estoques fiscais de 2012 são apertados e com modelos climáticos mostrando a possibilidade de uma nova seca nos Estados Unidos. Estatisticamente, a gente sabe que é difícil acontecer dois anos seguidos. Com uma quebra de safra nos Estados Unidos a gente sentiria o impacto da alta nos preços mais lá na frente — diz o analista da Terra Investimentos, Bruno Perottoni.
O Brasil também foi citado no relatório. O órgão estima uma safra de soja de 82,5 milhões de toneladas. Para o analista de mercado André Perfeito, os preços, em geral das commodites, podem até cair um pouco, mas a tendência é que se mantenham no mesmo patamar.
— A questão sempre vai ser a seguinte: seca x área plantada. A gente sabe que para a área plantada existe um limite natural, mas a seca tende a se tornar às vezes mais abrupta. Eu não trabalho com hipótese de seca tão forte como ano passado, mas a tendência geral de preço é se manter — avalia.
Outro mercado que pode ficar ainda mais atraente para o Brasil é a China.
— Uma retomada no crescimento lá significa mais consumo da soja. Aa gente já tem visto o mercado mais aquecido, com a China já vindo buscar mais produto no Brasil. Eles chegaram a fechar seis, oito navios de soja por dia, um viés mais autista — afirma Perottoni.
— O que se pretende é exportar algo em torno de 18 milhões de toneladas de milho. Se você considerar que nós exportamos algo em torno de 20 milhões de toneladas em 2012, foi por causa da quebra da safra norte-americana. Agora, estimar 18 milhões de toneladas, mesmo sabendo que a safra americana será muito boa, é um índice ambicioso e o nosso pessoal não está arredando o pé — diz Sérgio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais.