Roberto Carlos de Melo Moraes trabalhou na usina por quase 17 anos, até ser demitido de surpresa.
– Eu não pensei que chegaria neste ponto – lamenta o ex-funcionário.
Moraes estava de folga e recebeu um recado para assinar o aviso, em setembro. Outros 500 funcionários continuam trabalhando na empresa, que produz açúcar, etanol e energia. Os empregados demitidos ainda não receberam a rescisão de contrato e também teria sido deixado de depositar o fundo de garantia. A empresa propôs pagar os funcionários somente a partir de maio do ano que vem, período da próxima colheita de cana.
– Tem uma proposta de pagamento lá na safra, mas está muito longe. O que vai fazer um trabalhador hoje, sem dinheiro no bolso, sem um fundo de garantia e desempregado. Fica muito ruim e isso não é proposta. Isto, na verdade, é um descarte dos trabalhadores – reclama o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Químicas de Itapetininga e Região, Jurandir Pedro de Souza.
Nesta terça, dia 16, os representantes da empresa não compareceram a uma reunião agendada com os sindicatos dos trabalhadores, que aconteceria na agência do Ministério do Trabalho do município. Agora, o caso será levado ao Ministério Público.
– Há vários anos, já vem acontecendo atraso de pagamento, atraso de décimo terceiro, pagamento de férias sem um terço, não depositando fundo de garantia. Diversos fatores foram contribuíram para que chegasse neste ponto – enumera Souza.
As demissões nas usinas têm sido comuns. Nos últimos quatro anos, aproximadamente 400 mil trabalhadores foram demitidos do setor, de acordo com a força sindical. Alguns, pela mecanização das lavouras de cana. Mas, boa parte, devido à crise do setor sucroenergético, que resulta no fechamento de usinas ou na diminuição das atividades das empresas.
– A gente fica numa situação difícil, estamos desempregados, para procurar emprego está difícil, porque a gente tem que procurar fazer este acerto. Então, a gente fica meio sem saber o que fazer – afirma Moraes.
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