O açúcar, segundo os fabricantes, é necessário justamente por conta dessa perda durante a produção. Segundo a Anvisa, a indústria terá de informar o quanto de açúcar foi perdido e quanto será acrescentado na manufatura do produto.
Para os cigarros, a Anvisa estipulou que os fabricantes terão um ano para adaptar a produção. Depois disso, a retirada dos produtos com aditivos do mercado deverá ser feita em seis meses. Já para charutos e cigarrilhas, o prazo chega a um ano e meio para adaptação da produção e seis meses para retirada do mercado.
Fica permitido o uso de algumas substâncias nos derivados do tabaco, como adesivo, aglutinante, agentes de combustão, pigmento ou corante, glicerol e propilenoglicol e sorbato de potássio. A proposta aprovada prevê ainda que novos ingredientes passem pelo aval da agência reguladora para serem usados no futuro.
O relator da proposta, diretor Agenor Álvares, diz que a decisão servirá para tornar o fumo menos atrativo aos adolescentes e crianças.
– A nossa ideia é diminuir o número de novos fumantes – afirma.
O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), Carlos Galant, aponta que o setor ainda vai avaliar o impacto financeiro da decisão. Ele argumenta que a retirada dos aromatizados pode estimular o contrabando. Além do açúcar, o setor queria também a permanência dos cigarros mentolados e dos que têm sabor de cravo, que foram banidos pela Anvisa. Os de mentol representam 3% das vendas, conforme dados divulgados pelos fabricantes na semana passada.
Antes de tomar a decisão, os diretores da Anvisa ouviram opiniões favoráveis e contrárias ao banimento dos aromatizados. A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Vera da Costa, disse que um estudo recente mostra que a maioria dos adolescentes de 13 a 15 anos procura pelos cigarros com sabor para experimentar o tabaco.
– Colocar menta, morango, chocolate aumenta a aceitação desse produto e promove a experimentação. É preciso que a Anvisa mostre o que uma agência reguladora dentro do Brasil faz com os produtos do tabaco – defende.
Já Galant pediu a permanência do mentol e do cravo no Brasil, justificando que um estudo norte-americano mostra que o mentolado não eleva o risco à saúde. O número de fumantes, segundo ele, não caiu nos países que já retiraram esses aditivos.
– Os cigarros mentolados já se encontram presentes no mercado brasileiro há décadas. O risco de câncer de pulmão ao cigarro mentolado é 41% menor – explica.
A versão original da proposta da Anvisa, em discussão desde 2010, era proibir a adição de açúcar e outros ingredientes que mascaram o gosto amargo do tabaco, como mentol, chocolate e baunilha.
Na semana passada, a indústria do tabaco apelou à Casa Civil para barrar a proposta do órgão. Em manifesto, os fabricantes e fumicultores alegaram que a produção nacional de cigarros ficará inviável se esses ingredientes forem banidos. O setor alega que os cigarros com sabor não servem para atrair fumantes jovens e nem são mais prejudiciais à saúde.
Em nota, a Souza Cruz divulgou criticou a decisão da Anvisa. Segundo a empresa, a agência não teria levado em conta os argumentos da cadeia produtiva.