O Fundecitrus mantém pesquisas relacionadas ao controle de pragas e doenças há 35 anos. A partir do impasse envolvendo os Estados Unidos, retirou o carbendazim da lista de Produção Integrada de Citrus (PIC), elaborada a partir das exigências do mercado consumidor, de acordo com o gerente científico da entidade, Juliano Ayres.
– Tem uma lista de produtos que devem ser utilizados ou não e na última semana houve um consenso de que a medida mais oportuna para o citricultor é evitar utilizar esta molécula, embora não tenha sido banida no Brasil. Na fruta que for destinada para o mercado interno, ele poderia usar sem problemas, mas em 80% do lote de plantas nos talões a fruta é direcionada para o mercado externo. Existe um risco, já que esta molécula não está sendo aceita nos EUA, embora não cause problema de saúde para o consumidor – diz.
O carbendazim é utilizado para o controle da pinta preta nos pomares. Segundo Ayres, recomendação é para que os produtores utilizem outros produtos mais eficientes e já consolidados no mercado.
– Existem produtos alternativos ou moléculas que podem controlar tão bem quanto este fungicida. Hoje nós estamos buscando tecnologias que custem menos para o citricultor. Reduzindo o volume de calda aplicada do produto químico, com doses mais precisas, no momento ideal de aplicação, causa menos custo e efeito menor para o meio ambiente – aponta.
Os produtos à base de estrubilurina e cobre são mais caros, em média de 30% a 40%. O citricultor Otávio Roberto afirma que já utiliza substâncias alternativas e que os resultados compensam o custo mais alto.
– Vale a pena, porque tem esse problema do carbendazim. Outro produto compensa. Eu pago 30% mais, mas é produto de ponta, sem restrição, pelo menos até agora. Tenho usado sempre produto à base de cobre. Faço três pulverizações. Primeiro cobre, segundo carbamate, estrubilurina e repito o cobre – comenta.
Os técnicos alertam que o manejo não passa apenas pelo controle químico. Para o pesquisador Geraldo José da Silva Júnior, alternativas de controles culturais podem e devem ser adotadas.
– Para pinta preta, por exemplo, a gente pode usar o resto cultural na entrelinha que será jogada sobre a copa das plantas e cobrindo as folhas onde o fungo sobrevive. Outra opção é a poda de ramos secos, que faz com que reduza a quantidade do fungo e, consequentemente, a quantidade que chegará até o fruto para infectar o mesmo. Desta forma, você reduz a quantidade de produto a ser utilizado – explica.