Uso do carbendazim pode ser extinto até setembro, diz Fundecitrus

Técnicos da entidade orientam produtores sobre alternativas ao fungicidaO uso do fungicida carbendazim pode estar fora da realidade das lavouras brasileiras de citrus até a época da pulverização, em setembro. A estimativa é dos técnicos do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), que trabalham na orientação de produtores sobre produtos alternativos à substância. A decisão de eliminar o uso do carbendazim foi motivada pela suspensão da exportação do suco de laranja para os Estados Unidos, que rejeitam o defensivo. Os fungicidas recomendados pelo Fundecitrus são

O Fundecitrus mantém pesquisas relacionadas ao controle de pragas e doenças há 35 anos. A partir do impasse envolvendo os Estados Unidos, retirou o carbendazim da lista de Produção Integrada de Citrus (PIC), elaborada a partir das exigências do mercado consumidor, de acordo com o gerente científico da entidade, Juliano Ayres.

– Tem uma lista de produtos que devem ser utilizados ou não e na última semana houve um consenso de que a medida mais oportuna para o citricultor é evitar utilizar esta molécula, embora não tenha sido banida no Brasil. Na fruta que for destinada para o mercado interno, ele poderia usar sem problemas, mas em 80% do lote de plantas nos talões a fruta é direcionada para o mercado externo. Existe um risco, já que esta molécula não está sendo aceita nos EUA, embora não cause problema de saúde para o consumidor – diz.

O carbendazim é utilizado para o controle da pinta preta nos pomares. Segundo Ayres, recomendação é para que os produtores utilizem outros produtos mais eficientes e já consolidados no mercado. 

– Existem produtos alternativos ou moléculas que podem controlar tão bem quanto este fungicida. Hoje nós estamos buscando tecnologias que custem menos para o citricultor. Reduzindo o volume de calda aplicada do produto químico, com doses mais precisas, no momento ideal de aplicação, causa menos custo e efeito menor para o meio ambiente – aponta.

Os produtos à base de estrubilurina e cobre são mais caros, em média de 30% a 40%. O citricultor Otávio Roberto afirma que já utiliza substâncias alternativas e que os resultados compensam o custo mais alto.

– Vale a pena, porque tem esse problema do carbendazim. Outro produto compensa. Eu pago 30% mais, mas é produto de ponta, sem restrição, pelo menos até agora. Tenho usado sempre produto à base de cobre. Faço três pulverizações. Primeiro cobre, segundo carbamate, estrubilurina e repito o cobre – comenta.

Os técnicos alertam que o manejo não passa apenas pelo controle químico. Para o pesquisador Geraldo José da Silva Júnior, alternativas de controles culturais podem e devem ser adotadas.

– Para pinta preta, por exemplo, a gente pode usar o resto cultural na entrelinha que será jogada sobre a copa das plantas e cobrindo as folhas onde o fungo sobrevive. Outra opção é a poda de ramos secos, que faz com que reduza a quantidade do fungo e, consequentemente, a quantidade que chegará até o fruto para infectar o mesmo. Desta forma, você reduz a quantidade de produto a ser utilizado – explica.