Nem só da Serra Gaúcha vive o turismo ligado ao vinho no Rio Grande do Sul. Há uma vinícola que fica em uma região que cresce a cada ano na produção de uvas viníferas: a fronteira oeste do estado. O mercado é tão promissor que um produto inédito no país saiu de lá.
Cerca de 10% dos vinhos finos e espumantes produzidos no Brasil são feitos com uvas colhidas na gelada região da Campanha, nessa região fronteiriça do Rio Grande do Sul. De 2010 a 2015, a área cultivada nesta região cresceu 11%. Passou de 1.160 hectares para aproximadamente 1.400.
Com uma safra histórica de 700 milhões de quilos no Rio Grande do Sul e uma qualidade que não deixa a desejar, o setor só tende a crescer. A região espera colher 10 milhões de quilos de viníferas, que são as uvas utilizadas para produção de vinhos e espumantes.
Uma amostra de como a fronteira oeste do estado é o trabalho feito na vinícola Guatambu. Ela é a primeira a lançar nacionalmente um espumante tinto, produzido com uva merlot. A variedade se desenvolve muito bem na região.
“É uma uva que produz vinhos macios, leves. Ela não é tão leve como a pinot noir, nem tão encorpada como a tannat. Assim, ela serve bem para esse tipo de produto”, diz Gabriela Herman Pötter, enóloga e responsável técnica parreiral da Guatambu.
A enóloga Rafaela Xavier Giacomini também enaltece as características da merlot na elaboração desse tipo de produto: “O terroir da Campanha propicia esse vinho com características peculiares, mas as etapas de elaboração são fundamentais pra um vinho ter qualidade. Para ganhar essa maciez, a uva passa um bom período em contato com a levedura antes de chegar ao produto final”.
Turismo
As bebidas conquistam, mas não são somente elas que atraem milhares de visitantes para essa parte do Rio Grande do Sul. Muita gente vai atrás das atrações do chamado enoturismo.
A Guatambu foi uma das primeiras vinícolas da região a abrir as portas aos visitantes. Quem visita a empresa vive experiências gastronômicas e conhece um pouco da cultura gaúcha.
“A gente consegue mostrar melhor nosso trabalho dessa forma, recebendo as pessoas e ao mesmo tempo proporcionando uma experiência. Mostramos como elaborar o vinho e também como a gente vive aqui no pampa gaúcho, como é a cultura do tradicional da região”, diz Gabriela.
Enóloga responsável pelo enoturismo da vinícola, Amélia Fagundes Leite descreve as atividades à disposição do visitante: “Nós fazemos um passeio pelo vinhedo. Depois passamos na indústria, onde a gente consegue reproduzir o trabalho de um ano inteiro em uma hora. No final, há uma degustação”.
A vinícola recebe visitantes de várias partes do país, mas também há turistas vindos do Uruguai, Estados Unidos, Suíça e Espanha. Durante este mês, várias vinícolas da Campanha e da Serra Gaúcha programam atrações de enoturismo, além de descontos especiais em seus produtos.