Vale a pena ter pressa no plantio da soja? Veja o que diz a Embrapa

Entidade explica os impactos de semear com velocidades acima da indicada e de colocar maquinários para plantar em solo ainda úmido

Daniel Popov, de São Paulo
Todos os anos, após o fim do vazio sanitário, os produtores esperam conseguir semear a soja o quanto antes a fim de garantir também a segunda safra de milho ou trigo. Claro que isso depende do clima para dar certo e muitas vezes os agricultores cometem pequenos deslizes no plantio para não correr riscos. Mas, vale a pena acelerar a máquina para plantar mais rápido, ou entrar com os maquinários na terra ainda úmida?

Para ajudar nesta questão o pesquisador da Embrapa Soja Osmar Conte destaca quais são os riscos de se correr com o plantio. O primeiro ponto é em relação a velocidade da máquina no campo.

Na semana passada o “produtor repórter” do Canal Rural Pablo Schmidt Rosa, de Mangueirinha (PR), mostrou a sua soja germinada, como milhares de pontinhos verdes no campo (Leia aqui), mas no meio muitas plantas duplas eram vistas. Ele contou que teve que correr com o plantio e ultrapassou os 7,5 km de velocidade, por isso as falhas aconteceram.

Lavoura em Mangueirinha (PR), com plantas duplas de soja

“Dificilmente o excesso de velocidade causará uma grande quebra na produtividade, a menos é claro, que tenham muitas falhas. Mas é muito mais interessante que o campo esteja em perfeitas condições até para que a planta possa ter melhor aproveitamento da luz, diminuição de plantas daninhas e menor concorrência pelos nutrientes do solo”, destaca Conte.

O pesquisador também comenta que existem dois tipos de maquinários: os com distribuição de sementes mecânica e os com sistema pneumático. “A velocidade ideal de plantio depende da máquina. De 4 km a 6 km por hora são máquinas com sistema mecânico de distribuição de sementes. Mas muitos produtores, principalmente no Centro-Oeste, usam máquinas maiores com distribuição pneumática de sementes e permitem trabalhos com velocidades maiores de até 7,5 km por hora”, diz.

Solo úmido

Alguns produtores da região oeste do Paraná não estão conseguindo avançar com o plantio da soja devido o excesso de chuvas recebida, por lá poucas janelas de tempo seco estão previstas e há relatos de agricultores colocando as plantadeiras em campo mesmo com o solo úmido.

“Isso pode afetar a distribuição das plantas, sem falar que a umidade altera a profundidade de colocação da semente e isso trará uma deformidade na germinação”, afirma o pesquisador. “Quanto mais úmido o solo, maior o impacto da compactação com a passagem maquinários.”

Então essa pressa não é o ideal, destaca Conte, ela sempre traz prejuízos, maiores ou menores. “Claro que sabemos que os produtores também se preocupam com a segunda safra, mas é preciso dar atenção a safra principal”, finaliza.

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