Valores dos fretes da soja disparam e encarecem até 177% no Brasil, diz CNA

Entidade entrou com pedido de anulação da tabela de fretes. Levantamento da consultoria Safras & Mercado também apontou grande elevação nos preços dos transportes.

Daniel Popov, de São Paulo
O tabelamento dos fretes no Brasil, por meio da Medida Provisória (MP) 832∕20181, que prevê preços mínimos para o transporte rodoviário de cargas já começa a trazer impactos para a cadeia da soja. Segundo um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), algumas regiões chegaram a registrar elevação de até 177% nos fretes, enquanto o levantamento da consultoria Safras & Mercado apontou uma elevação de 63% em um ano e 40% desde o final de maio.

Segundo a Safras & Mercado, hoje o frete da tonelada da soja saindo de Rondonópolis (MT) e chegando ao porto de Paranaguá (PR), custa R$ 310, 63% a mais que há um ano atrás. Esta alta também é bastante elevada quando se comparada ao valor praticado no final de maio (R$ 230), elevação de 35% em menos de 10 dias.

O trajeto ligando Sorriso (MT) ao porto paranaense registrou a mesma alta em um ano, saltando de R$ 265 a tonelada de soja em junho de 2017, para R$ 433 neste ano. Desde o dia 30 de maio o frete encareceu 44%.

E, não é só nas entregas de soja no porto do Paraná que o transporte de soja ficou mais caro. O trajeto ligando Sorriso (MT) ao porto de Santos (SP) o frete da tonelada que custava R$ 285 no ano passado, subiu 55% chegando a R$ 443. O mais caro do levantamento. Desde maio o valor subiu 43%.

Quem pretende levar soja de Goiás até Santos também está pagando 21% a mais este ano. O valor para transportar uma tonelada que girava em torno de R$ 165, agora está em R$ 200. No levantamento do dia 30 de maio o valor era de R$ 180.

CNA aponta uma alta ainda maior

Segundo a assessora técnica da Comissão Nacional Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes a situação dos fretes realmente está trazendo um problema para o setor da soja e do milho, ainda mais quando se trata do quesito “frete de retorno”, acordo entre o contratante e o motorista, para que os custos com combustível do caminhão sejam pagos para a volta à origem.

Neste quesito, Mato Grosso do Sul chegou a registrar uma alta de 70% até 177% nos valores do frete, quando não há frete de retorno, diz Elisângela.

“Estamos percebendo estes problemas. Fizemos algumas simulações nas principais praças de soja e milho do Brasil e percebemos essa elevação de 177% nos valores, quando não há frete retorno”, conta a representante da CNA. “Esses custo com o frete retorno está muito maior, A soja que sai de Sorriso (MT) até Rondonópolis (MT), que dá uns 600 km, o frete ficou 152% mais caro, sem o frete retorno.”

Pedido de suspensão da tabela de frete

Diante destes e outros problemas, a CNA resolveu protocolar um pedido junto ao presidente Michel Temer, para suspensão da tabela de frete. “Isso porque, tanto a medida provisória, quanto a resolução da ANTT, desconsideram a participação do usuário de transporte na formulação desta tabela. E percebendo estes problemas, fizemos algumas simulações nas principais praças de soja e milho do Brasil e percebemos essa elevação”, conta Elisângela.

Veja a entrevista completa dada ao programa Mercado & Companhia, do Canal Rural:

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