Variação do dólar pode pesar sobre os custos de produção da safra 2013/2014

Especialista explica que num segundo momento, o produtor deve pagar mais caro por defensivo e fertilizante, que são fixados na moeda americanaA alta do dólar fez com que muitos produtores antecipassem a compra de defensivos agrícolas, pagando mais barato pelo produto. Especialistas explicam que a variação da moeda americana pode enganar o produtor e deve pesar sobre os custos de produção da safra 2013/2014.

O diretor da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, explica que os principais insumos agrícolas são fixados em dólar. O diretor afirma que, a princípio, o dólar alto é favorável ao produtor, já que reforça as oportunidades de exportação e com isso, o aumento da rentabilidade. Mas depois é preciso incluir na conta o custo deste câmbio valorizado, que impacta nas compras de insumos.

– A gente acha que esse dólar está sob controle. Porém, ele opera nas famosas faixas. Hoje, as reservas cambiais do Banco Central são suficientemente grandes para quando há uma demanda maior, eles despejam dólar no mercado. Quando há uma crise, como houve agora de insegurança política, durante a noite foi embora do Brasil U$ 6 bilhões de dólares. Mas o banco tem reserva cambial para fazer para fazer esse enfrentamento. O câmbio opera, hoje, entre R$ 2,1 até R$ 2,3. O governo não vai deixar cair, mas não vai deixar superar o maior valor, porque geraria uma insegurança para outros setores. Bom para a agricultura, bom para o produtor rural, mas num segundo momento ele paga mais no defensivo, no fertilizante, que é gravado em dólar – explica Daher.

O presidente da Associação dos Produtores de Cana do Vale do Mogi (Assomogi) e produtor de cana-de-açúcar em Leme, 160 km de São Paulo, Diego Viel, antecipou a compra de defensivos agrícolas para a safra 2013/2014, no mês de julho. Ele diz que negociou com as empresas de forma rápida para não perder o negócio.
 
 – Foi um bom negócio, principalmente pelo motivo de tentar comprar o que essas empresas tinham em carteira. Têm produtos que as empresas não tinham, houve o pedido e saía com o valor atual – disse o produtor.

Ssegundo a Andef, as vendas de defensivos agrícolas cresceram 28% de janeiro até maio. De acordo com a entidade, o crescimento se deu devido a forma encontrada pelo produtor rural de se proteger da alta do dólar.
 
– Com certeza valeu ter comprado antes. Deu para evitar ainda um aumento maior no nosso custo de produção, que iria impactar diretamente no custo de produção do produtor – destaca Viel.

– 28% é um número surpreendente se comparado com a economia nacional. Ele tem três razões básicas: a primeira câmbio. Ele reflete o aumento dos valores em dólar dos produtos que são comercializados. O segundo fator é que há um cuidado maior, um investimento tecnológico naquelas lavouras que estão dando remuneração. Há um gasto maior com fungicida no Brasil do que existe na Argentina, na América. E o último aspecto é o de pragas, se o produtor tem uma helicoverpa que não tinha na safra anterior, uma voracidade maior e ele acaba faturando mais em inseticidas – diz.

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