Aprosoja dá dicas para o planejamento da temporada, cuidados com insumos, atenção ao manejo, entre outros itens importantes para a implantação das lavouras
Daniel Popov, de São Paulo
Dia 15 de setembro se encerrará o vazio sanitário da soja nos principais estados produtores do país. A partir daí, um bom planejamento pode fazer a diferença em uma temporada com perspectiva de baixas rentabilidades.
Para orientar os agricultores neste período pré-semeadura, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) organizou algumas dicas técnicas com pontos bem importantes para se dar bem neste ano.
- PLANEJAMENTO DA SAFRA
Com o passar dos anos, os produtores rurais estão fechando a compra de insumos agrícolas (sementes, defensivos agrícolas, fertilizantes, entre outros) cada vez mais cedo. Isso leva ao planejamento antecipado da safra seguinte, envolvendo a necessidade demandada, a capacidade operacional e os custos. Nesse momento de pré-safra, alguns itens são relevantes:
a) Capacidade operacional e ativos imobilizados: análise de todos os itens que a propriedade apresenta, tais como recursos humanos (funcionários), máquinas e implementos, verificando se existe necessidade de adequações ou até mesmo reajustes;
b) Condições químicas, físicas e biológicas do solo: identificação da compactação de solo, analisar a ocorrência e mensurar a população de nematoides e demais pragas de solo, análise da necessidade de correções de solo e/ou aplicação de fertilizantes (sistemática análise de solo).
c) Presença de ervas daninhas: identificar quais as ervas presentes e sua quantidade, de forma que o manejo das mesmas na pré ou pós-semeadura tenha maior eficiência. Deve-se dar atenção especial às pragas de difícil controle, como as que apresentam resistência ao glifosato, como é o caso do Amaranthus palmeri (sobre isto, verifique orientações neste link).
d) Planejamento financeiro: o acompanhamento dos custos da safra que irá iniciar é importante, pois permite que o produtor possa ter controle de suas despesas, além de conseguir projetar ações próximas do real. Caso haja interesse em conhecer o projeto Referência, iniciativa da Aprosoja que orienta o associado sobre a gestão da propriedade, basta solicitar a visita de um supervisor de projetos da associação.
e) Plano de ação: planejar a execução das atividades, levando em consideração máquinas e implementos (necessidade manutenção e a regulagem), operações de adubação, preparo de solo e semeadura.
- RECEBIMENTO DE INSUMOS
Cuidados referentes a qualidade de:
a) Fertilizantes: verifique a nota fiscal e certifique-se de que a cargas estão compatíveis em quantidade e composição (mais detalhes podem ser encontrados neste link);
b) Sementes: verifique os teores apresentados nos testes de qualidade informados pelas sementeiras (vigor e germinação) e exija o certificado que acompanha a nota. Também recomendamos tirar amostras e fazer o teste de germinação de sementes. Além disso, cheque se na nota fiscal de compra da semente já consta o pagamento da taxa ou da contribuição para o Fundo Mato-grossense de Apoio Cultura da Semente (Fase) – Taxa (DARF) e FASE (GUIA), que deverão vir anexados à Nota Fiscal (conforme Informe Técnico 34/2013, neste link). Caso o comprovante não conste na nota, o produtor tem direito de cobrar o seu recolhimento (Taxa ou Fase) e só após aceitar a entrega do produto em sua propriedade.
c) Defensivos: a nota fiscal e as especificações do produto devem ser verificadas, observando as condições das embalagens (sem violação da tampa, lacre da empresa, entre outros). Nos casos de identificação de inconformidades ou até ocorrências de furtos na propriedade, informar diretamente ao Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO). E, sobretudo, registrar o Boletim de Ocorrência.
- SEMEADURA E CONDUÇÃO
Partindo para a execução, alertamos para alguns dos cuidados com a implantação e condução da lavoura de soja:
a) Condições climáticas: Segundo a Embrapa Soja, a faixa de temperatura do solo adequada para semeadura da soja varia de 20 °C a 30 °C, sendo 25 °C a temperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme. Atente para as previsões de chuva, evitando problemas com déficit e até mesmo replantios.
b) Semeadura: observe a época (após o dia 15/09 o plantio já está liberado) e profundidade da semeadura (de 3 centímetros a 5 centímetros), as cultivares (procurando as adaptadas à região), o tratamento de sementes e a qualidade, a população de plantas adequadas, a posição semente/adubo, compatibilidade dos produtos químicos, controle de plantas daninhas, pragas e doenças. Obs: No caso de utilização de RR2, adote as áreas de refúgio.
c) Pragas e doenças: realizar o Monitoramento Integrado de Pragas (MIP) e o Monitoramento Integrado de Doenças (MID), desde a semeadura até a fase reprodutiva (intermediária), principalmente devido à ferrugem asiática e à helicoverpa. Além disso, orientamos a usar diferentes modo de ação para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
d) Acompanhamento técnico: o conhecimento e o suporte de um engenheiro agrônomo na propriedade são fundamentais para a tomada de decisão. Procure seguir as recomendações técnicas quanto às aplicações (tecnologia de aplicação): produtos, doses, temperatura, umidade, entre outros, incluído a rotação de ingredientes ativos;
e) Obrigações: faça o cadastramento anual do cultivo de soja no INDEA até o dia 15 de fevereiro e recolha a ART (CREA-MT) da cultura.