A indústria de veículos vinha batendo sucessivos recordes de vendas na base comparativa anual desde junho de 2006. Em relação a setembro deste ano, a diminuição foi de 10,9% nos negócios de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Segundo as montadoras, a restrição ao crédito provocada pela crise global freou a venda no país, onde 70% dos negócios são financiados.
O recuo também foi forte entre frotistas. O mercado aguarda para esta semana a liberação de crédito mais acessível por parte dos bancos oficiais para o financiamento de carros novos e usados, ação prometida aos executivos da indústria automobilística na sexta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Mantega e Meirelles informaram que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão atuar mais fortemente no crédito a veículos, via financiamento direto ao consumidor, parcerias e compra de carteira de bancos atuantes no ramo.
Só as vendas de automóveis e comercias leves caíram 3,3% na comparação com outubro do ano passado e 11,6% em relação a setembro deste ano, somando um total de 224,9 mil unidades, segundo dados de licenciamentos.
No acumulado do ano, porém, o saldo ainda é bastante positivo. Foram vendidos desde janeiro 2,32 milhões de automóveis e comerciais leves, 23,1% a mais do que em igual período de 2007. Com caminhões e ônibus, o número sobe para 2,44 milhões de unidades, desempenho 23,4% superior ao do ano passado.
Entre as quatro principais montadoras instaladas no Brasil, responsáveis por 70% dos negócios no país, a Fiat foi a que mais caiu em outubro, em termos percentuais. As vendas da marca somaram 53,3 mil unidades ? 11,4% a menos do que o resultado do mesmo mês de 2007. Ainda assim, a marca segue como líder do mercado nacional.
Crescimento previsto para o ano poderá ser reduzido
As vendas da GM, de 44 mil veículos, caíram 9,8% e as da Volkswagen, de 49 mil unidades, foram 7,8% menores do que as de 2007. A Ford teve declínio de apenas 0,5%, com 22,5 mil carros negociados em outubro.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que divulgará o balanço oficial do setor nesta quinta-feira, previa vendas de 3 milhões de veículos neste ano, número 24% superior ao de 2007. A crise financeira poderá reduzir esse crescimento previsto pela indústria.
Nas últimas semanas, os juros para o financiamento de carros aumentaram de 20% a 30% e os bancos ficaram mais criteriosos para liberar crédito. As revendas reduziram a margem de lucro para desovar estoques. Mesmo assim, já há empresas em dificuldades financeiras. Montadoras começaram a apelar para estratégia de férias coletivas a fim de adequar a produção à demanda do país.