Alguns estados patinam com a dificuldade de fechar fretes, reflexo do tabelamento, e estabelecer valores de pagamento para o produtor
As vendas antecipadas da safra 2018/2019 de soja estão travadas, aponta o analista de mercado Carlos Cogo. Segundo o especialista, o cenário reflete a dificuldade das tradings em fecharem fretes futuros, reflexo da tabela de valores mínimos, e estabelecerem preços para o produtor. “Algumas regiões até conseguem deslanchar, mas outras não conseguiram desafogar e aproveitar momentos interessantes de venda”, diz.
Entre os estados avançados está Mato Grosso, que comercializou 28,15% da produção esperada até esta segunda, dia 10. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e mostram avanço frente ao mesmo período de 2017, em que as vendas não chegavam a 17%.
De acordo com a instituição, a alta das cotações estimulou os negócios, com a valorização do dólar ante o real no período e a proximidade do início da semeadura. O valor médio de venda das sacas desta temporada é de R$ 67,44 — acréscimo de 3,7% em relação a julho. O Imea alerta que, para os próximos meses, a moeda norte-americana deve continuar sendo o principal vetor de negócios. “O produtor deve estar atento ao movimentado cenário político brasileiro, a fim de garantir as melhores oportunidades”, diz.
Para Cogo, o momento de vender é agora. “Se a gente comparar o preço no mercado à vista, combinação de preço futuro (que estão baixos), mais prêmio, mais câmbio e B3, e colocar isso em uma planilha, de setembro a maio do ano que vem, a diferença é bastante impressionante”, afirma. Ele recomenda ao produtor negociar até novembro para fazer uma boa média.
Segundo o analista, nesta terça, no mercado spot, a combinação de preço futuro, prêmio e câmbio totaliza cerca de US$ 10,80 por bushel no porto. “Esse valor vai cair em torno de US$ 1,30 por bushel, lá para abril ou maio do ano que vem, com a queda dos prêmios, que hoje estão em US$ 2,45 e ficarão abaixo de 80 cents de dólar”, diz.
Cogo afirma que o recuo é uma certeza. “Normalmente, neste período, os prêmios são negativos, então ainda assim estariam quase o dobro da média histórica”, afirma.