Lentidão nas comercializações antecipadas da oleaginosa reflete a falta de interesse dos produtores nos preços praticados atualmente. Analistas apontam tendência de preços melhores no futuro
Daniel Popov, de São Paulo
A comercialização da safra 2016/2017 está mais lenta nesta safra. Neste começo de outubro, os volumes de venda foram de até 25% da safra estimada, contra os 31% da média histórica e 40% das vendas do ano passado. Entretanto, essa lentidão pode ter seus benefícios, já que na última vez que algo parecido aconteceu, na safra 2014/2015, os produtores que resolveram segurar o produto para vender depois, obtiveram um lucro maior.
As vendas antecipadas da oleaginosa estão realmente mais lentas, garantem especialistas de mercado, isso porque nem os preços nem o cambio estão elevados no momento. Segundo levantamento realizado pela consultoria França Junior, a média de vendas para o período que era de 31% está no máximo em 25%, devido a estas questões de mercado. “No ano passado, o cambio puxou as cotações para cima e elevou os contratos futuros. Justamente o contrário do que aconteceu neste ano”, conta o analista Flávio França Jr.
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Este resultado só não foi pior que a safra 2014/2015, quando as vendas estavam ainda mais lentas. O que aconteceu naquele ano, em relação às vendas posteriores, traz esperança aos sojicultores para este ano. Os preços voltaram a se elevar e compensaram a espera. Esta é a convicção tanto de França Jr. quanto da consultoria Safras & Mercado. “Muitos acreditam que a bolsa de Chicago já está no fundo e que os preços possam melhorar daqui para a frente”, afirma Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado. “As indicações que vemos é exatamente esta, que mais para frente os produtores voltarão a ter preços que compensam.”
Roque ressalta, no entanto, que é importante os produtores travarem pelo menos 20% da sua safra antes do plantio, para evitar riscos no futuro. Esta também é a recomendação do presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Marcos da Rosa. “Muitos produtores não venderam nem estes 20% necessários para minimizar os riscos. Apostar não é nosso negócio. É importante travar uma parte e garantir a cobertura dos custos”, garante Da Rosa. “O plantio começou bem, esperamos uma safra boa de soja.”
Segundo o levantamento da França Junior o plantio no Brasil está na casa dos 5%, mesmo volume da média histórica, mostrando que tudo vai bem por enquanto. “As chuvas voltaram e as meteorologias indicam chuvas para todo o Centro-Oeste e uma parte da região Sul e Sudeste. Com elas o plantio deve avançar em todo o país”, relata o analista da França Jr.
