? A intenção é fazer com que a comunidade se reconheça por meio dos objetos e também se sensibilize para doar material que possa ter em casa ? explica a vice-presidente cultural da Fenavinho, Eunice Pigozzo.
A ideia de recolher objetos sobre a Fenavinho não é nova. Algumas exposições foram montadas em outras edições do evento, mas o material coletado acabou voltando para a casa dos donos. Para poder reunir tudo novamente, a direção da festa, com parceiros como a prefeitura, realizou uma campanha de arrecadação de materiais que remetessem a alguma edição.
? Nossa pretensão é que a exposição se torne permanente, um memorial da Fenavinho. Estamos em busca de um local para abrigá-la depois da festa. Algumas pessoas doaram em grande quantidade, e a ideia é conseguir cada vez mais peças ? projeta Eunice.
Uma das pessoas que mais contribuiu para o acervo do Memorial da Fenavinho foi o bento-gonçalvense Itacyr Luiz Giacomello, 70 anos.
? Eu sempre participei da festa, e fiz questão de guardar muita coisa. Acho que a cultura e a tradição não podem ser desperdiçadas ? diz Giacomello.
Outra atração da exposição Quatro Décadas de Festa é um anedotário. Um painel foi montado para contar uma história muito conhecida e comentada entre os moradores de Bento Gonçalves. Segundo Eunice Pigozzo, dizem que o caso aconteceu na festa de 1971, outros acreditam que foi em 1975.
? A gente quer resgatar esta história, sobre uns bonecos que enfeitavam a cidade durante a Fenavinho. E, num certo dia, um dos bonecos apareceu na entrada de Caxias, com uma placa que dizia “fuzí de Bento”. O boneco foi resgatado. Só que uns três dias depois do ocorrido, o boneco apareceu em Caxias novamente, desta vez com outra placa: “fuzí de novo” ? lembra Eunice.
A história está relatada no livro Frotole e Buzie, dos autores Ademir Antônio Bacca e Hary Dalla Colletta. Quem visitar a mostra poderá ler sobre esta história, além de conhecer uma réplica do boneco que “fuziu” de Bento para Caxias.
Convidada mais ilustre sempre foi a comunidade da Serra
Em 1967, durante a primeira edição da Fenavinho, um jovem que hoje tem papel importante na festa comemorava sua aprovação no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para o curso de Engenharia Mecânica. Hoje presidente, Tarcísio Michelon guarda na lembrança a alegria daquele momento.
? Lembro que comemorei na Fenavinho, e até bebi um pouquinho a mais ? diverte-se o presidente.
Outro momento marcante daquele ano, para Tarcísio, foi acompanhar o trabalho do irmão Moysés, primeiro presidente da Fenavinho.
? Tenho esta lembrança querida, do mDe lá para cá foram muitas edições e muito trabalho. Tarcísio Michelon foi presidente pela primeira vez em 2007, depois de ter sido vice em 1993 e 2005.
? É uma longa caminhada. Me sensibiliza esta festa, e nunca quis deixar morrer algo construído por tantas pessoas ? afirma.
Moysés Luiz Michelon, o irmão, esteve no comando da festa na primeira edição. Foi ele quem encabeçou o processo de construção do Parque de Eventos.
? Partindo do nada, em cerca de seis meses conseguimos construir o parque. Foi um esforço comunitário ? avalia Moysés, 74 anos.
Porém, segundo Moysés, a convidada mais ilustre a fazer parte da festa sempre foi a própria comunidade da Serra.
? O que mais ficou na memória foi a união da comunidade em torno de uma promoção que deu visibilidade a Bento. A dimensão da festa, hoje, ocorre por ter sido construída com a participação de todos ? observa.