Agronegócio

Coronavírus faz agroindústria recuar 5,6% em março, diz FGV

Segundo o Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, redução foi mais do que suficiente para neutralizar o avanço de 0,3% em janeiro e de 1,9% em fevereiro do indicador

Laranja Indústria
Foto: Citrus BR

A agroindústria brasileira sofreu contração de 5,6% em março em relação a março de 2019, já sob efeitos da quarentena por causa da pandemia do novo coronavírus, informou nesta quarta-feira, 20, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que elabora, por meio do seu Centro de Estudos do Agronegócio (GV Agro), o Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro) – Produção Física.

A redução, conforme a FGV, foi mais do que suficiente para neutralizar o avanço de 0,3% em janeiro e de 1,9% em fevereiro do indicador. “Além disso, foi o pior resultado para março, para essa base de comparação, desde 2011 (-5,9%)”, diz o informativo.

No trimestre, o indicador também ficou negativo, fechando em -1,2% de janeiro a março de 2020 em relação a igual período do ano passado. “Os setores da agroindústria que conseguiram sustentar o crescimento da sua produção são aqueles considerados essenciais e cuja demanda está associada ao consumo doméstico”, diz o GV Agro no documento.

“Do outro lado, aqueles produtos não essenciais ou que a demanda está relacionada ao setor de serviços, (como restaurantes, lanchonetes e padarias) sofreram, já em março, o impacto da quarentena de forma intensa.” Entre os setores ligados ao agronegócio que fecharam março no campo negativo em relação a igual mês de 2019, entre produtos alimentícios e não alimentícios, estão bebidas (-18,7%), bebidas alcoólicas (-20,9%), bebidas não alcoólicas (-16,1%); produtos têxteis (-22%); produtos florestais (-0,8%); borracha (-9,2%) e fumo (-14,3%).

Já os que tiveram desempenho positivo foram apenas alimentos de origem vegetal (+7,2%); alimentos de origem animal (+1,4%); insumos agropecuários (+0,8%) e biocombustíveis (+5,9%).

Quando agrupados entre produtos alimentícios e bebidas, a categoria cedeu 1,9% em março. Já os produtos não alimentícios em geral tiveram um tombo de 9,4%, segundo o GV Agro, que usou como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A contração da produção desse segmento (não alimentícios) do mês de março de 2020 foi mais expressiva do que a queda verificada em maio de 2018 (-8,2%), mês em que ocorreu a greve dos caminhoneiros no Brasil. Além disso, foi o pior resultado para o mês desde março de 2009 (-9,7%), época em que o país já estava sofrendo as consequências da crise mundial eclodida em meados de setembro de 2008”, diz o documento.

O GV Agro cita, ainda, que dentro do segmento de produtos alimentícios, em “alimentos de origem vegetal”, com exceção da produção de conservas e sucos (-13,8%), todos os demais registraram expansão em março ante março do ano passado: óleos e gorduras (3,9%), arroz (11,3%), moagem de trigo (10,3%), refino de açúcar (11,9%) e moagem de café (22,2%). Em relação ao segmento de “alimentos de origem animal”, a expansão foi puxada, basicamente, por abates de suínos e aves (12%) e pescados e outros produtos (4,9%).

Em contrapartida, a produção de abates de reses (-1,1%) e produtos de carne (-14,5%) registraram contração. “Ou seja, em março de 2020, fica claro que os setores da agroindústria que conseguiram sustentar o crescimento da sua produção são aqueles considerados essenciais e cuja demanda está associada ao consumo doméstico, como é o caso de produtos alimentícios”, conclui o GV.