Agronegócio

‘Não se apaga fogo xingando o Macron’, diz presidente da FPA

Para o deputado Alceu Moreira, o Brasil precisa estar preparados para debater as falsas acusações sobre queimadas, mostrar fundamentação científica com relação aos nossos cuidados ambientais e parar de 'provincianismo' ao tratar do tema

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Foto: Ibama

A crise ambiental na Amazônia é uma oportunidade para o Brasil aprender e avaliar sua capacidade competitiva. A declaração é do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso, o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), e foi dita durante evento na 42ª Expointer, em Esteio (RS).

O deputado chamou a atenção para a relativização da soberania do Brasil sobre a Amazônia que, segundo ele, também envolve questões de mercado. “Há uma questão ambiental com interesses comerciais. A comunidade europeia quer os produtos do Mercosul, porque quer segurança alimentar. Mas países como Alemanha e França, que têm matriz agrícola muito forte nas suas economias, vão ser confrontadas e estão reticentes”, alertou.

Ele observa que esta crise não vai oferecer risco para qualquer tipo de acordo, mas que o Brasil deve ter inteligência, estratégia e governança, além de humildade para aprender. “Temos que parar de nos vitimizarmos. Temos que ser inteligentes, competitivos e qualificados. A pressão externa preocupa e muito, mas não é suficiente para ficarmos achando que é um grande risco. Devemos estar preparados para o debate, mostrar fundamentação científica com relação aos nossos cuidados ambientais e parar de ‘provincianismo'”, disse. “Não se apaga fogo xingando o Macron”.

Moreira considera que “de fora para dentro, todo esse instrumental é utilizado para reduzir nossa competitividade do mercado. Assim como uma história positiva agregada ao produto o valoriza, uma história negativa desvaloriza”. Para ele, a falta de cuidado com a questão ambiental pode reduzir a aceitação dos produtos brasileiros no exterior. O parlamentar insiste que o setor do agronegócio é “frontalmente contrário” ao desmatamento ilegal. “Não é só cinismo. Somos fiscais à disposição do governo, mais próximos de onde acontece o incidente. O governo precisa empoderar os agricultores para não permitir a queimada e o desmatamento ilegal”.

Acordo com a UE

Conforme o presidente da FPA, a colocação em prática do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) passa por vários estágios até impactar a cadeia produtiva. “É preciso saber o que deve ser feito pelo governo e quais ações cabem aos produtores”, disse ressaltando que as culturas das principais commodities de exportação, como soja e milho, não têm questões pendentes em relação ao acordo. “Somos vendedores francos, com alto grau de competitividade”.

O parlamentar destaca que tão importante quanto – ou mais que – os volumes de produtos brasileiros comprados pelos países europeus, é o conceito que essa aquisição empresta a eles. “Quando países do Oriente Médio, da África e da Ásia estudam nossos produtos, eles querem saber se a Europa consome. A análise é mais facilitada. Esse conceito do consumo do povo com maior e mais qualificado poder aquisitivo nos interessa. A demanda por parte da comunidade europeia é, sem dúvida, um outro estágio na comercialização dos nossos produtos para o mundo”, comemorou.

Reino Unido após Brexit

Moreira informou que, no próximo dia 4 de setembro, às 14h30, a FPA irá se reunir com o embaixador britânico para tratar de eventuais acordos após a iminente saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit. “Não temos nenhum acordo com o Reino Unido. Temos que começar a fazer um pré-acordo. Em meados de setembro, vamos visitar o parlamento britânico para prolongar essa conversa. Vamos aproveitar a oportunidade para levarmos cientistas da Embrapa para trabalhar no esclarecimento das questões ambientais”, disse.
Nova call to action