Na manhã desta quinta-feira, 26, o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, realizou uma coletiva de imprensa para tratar do depoimento prestado por ele à Polícia Federal (PF) no dia anterior. Na ocasião, ele afirmou que nunca estimulou a realização de ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e também nunca financiou qualquer tipo de manifestação política ou ideológica.
Na última sexta-feira, 20, Galvan foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, por conta de um inquérito aberto à pedido da Procuradoria-Geral da União (PGR) que apura incentivos de atos violentos contra instituições, em especial o STF. Na mesma data, o presidente da Aprosoja Brasil e outros investigados receberam uma ordem de restrição que os impede de se aproximar, a menos de um quilômetro, da Praça dos Três Poderes em Brasília. Ao redor da praça estão localizados os prédios do STF, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional.
O inquérito teve como origem áudios do cantor Sérgio Reis que foram divulgados na última semana. Neles, o cantor faz ameaças contra ministros do Supremo após convocar uma paralisação de caminhoneiros a ser iniciada em 7 de setembro. Ainda na semana passada, Reis compareceu à sede da Aprosoja Brasil, em Brasília, durante uma assembleia que reunia representantes das unidades estaduais da entidader. Durante a visita, foi gravado um vídeo em que o cantor, ao lado de Galvan, ameaça paralisar “todo o país” caso não sejam atendidos os pedidos de voto impresso nas próximas eleições e de análise pelo Senado de pedidos de impeachment de ministros do STF.
O presidente da Aprosoja afirmou que recebeu o cantor sertanejo em uma visita de cortesia. Galvan diz não compactuar com as ideias de paralisação de Reis, mas teria considerado não ser adequado “indagar” o visitante. O agricultor ainda reforçou que apesar de a Aprosoja Brasil compactuar com as pautas da manifestação marcada para ocorrer na data de independência do Brasil – o tema foi deliberado em assembleia -, a entidade não financia esse tipo de evento político.
Galvan ainda afirmou que suas advogadas não tiveram acesso ao inquérito, por isso possuem poucas informações sobre o caso. Ele mesmo teria sido informado na PF que era investigado por “incitação de crime”, mas sem detalhes sobre o tipo de crime. O agricultor pretende recorrer da ordem de restrição. Galvan diz não saber em qual cidade estará nas manifestações de 7 de setembro.