A série Agronomia Sustentável chega ao 11º episódio da segunda temporada direto de Natal, no Rio Grande do Norte. O estado tem sua economia baseada principalmente no turismo, extrativismo e na agricultura, mas também se destaca pela gastronomia, sendo considerado um polo quando o assunto é camarão.
O maior produtor nacional do crustáceo se destaca, também, na produção de atum e outros peixes. Em 2020, o estado produziu 20,7 mil toneladas de camarão, volume que representa 38,2% de toda a produção nacional. Por aqui, existem mais de 450 fazendas de camarão.
O trabalho do engenheiro de aquicultura, como o de Antonino de Freitas Bezerra, é contribuir para o aperfeiçoamento da atividade e o aprimoramento da matéria-prima. “A atividade do engenheiro de aquicultura tem a base nas ciências agrárias. Somos responsáveis por toda a produção e beneficiamento de todos os organismos aquáticos cultiváveis, como a ostra, o peixe, camarão e até as algas. Trabalhamos com laboratórios também para a melhoria do beneficiamento”, declara.
Além de outras unidades de processamento de maior porte, estão muitos dos estabelecimentos que beneficiam e comercializam esses produtos. O processo de descascar o crustáceo é feito exclusivamente por mulheres, por terem mais habilidade e cuidado nesse tipo de preparo. Bezerra conta que cabe ao engenheiro de aquicultura proporcionar qualidade ao produto desde a fazenda até à mesa do consumidor.
Potencial de mercado
Os principais mercados consumidores do atum e do camarão do Rio Grande do Norte são São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina. “No mundo, o consumo de pescado é em torno de 20kg por habitante ao ano. No Brasil é menos, cerca de 11kg/ano. Temos um grande potencial para melhorar o consumo de pescado anualmente no Brasil”, salienta.
Outra grande vocação do Rio Grande do Norte é a produção e exportação de frutas. Em 2020, o estado embarcou para o mercado externo 300 mil toneladas de frutas frescas, quase metade pelo Porto de Natal, que, inclusive, precisou passar por ampliação nos últimos anos. O setor movimentou cerca de R$ 750 milhões no último ano, segundo o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex).
De acordo com o secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca, Guilherme Moraes Saldanha, a fruticultura irrigada do Rio Grande do Norte representa uma das principais vertentes econômicas do estado. “Somos os maiores exportadores de frutas do Brasil. Temos também uma agricultura familiar muito forte baseada na fruticultura irrigada. O estado consegue, através dessa atividade, ter no semiárido potiguar e brasileiro atividades garantidas que promovem a geração de empregos, de renda e de oportunidades”, cita.
Agronomia e saúde pública
Em Natal não foi difícil encontrar engenheiros agrônomos atuando no lado de fora da porteira. O engenheiro agrônomo Victor Hugo de Carvalho, por exemplo, que sempre amou o campo, investiu em uma empresa focada no controle de pragas urbanas.
Há 18 anos ele está no segmento, e hoje acompanha as implantações dos programas de manejo integrado de pragas em vários estabelecimentos da capital. “Hoje se tem dentro do centro urbano o desenvolvimento muito grande de pragas. São pragas que só víamos na área rural e hoje estão sendo vistas dentro da área urbana. O crescimento da cidade é um dos fatores principais, então a gente tinha áreas que eram parques e pastos, matas que foram loteadas e hoje estão crescendo nas cidades, então a praga continua naquele local, nós que fomos invadindo o espaço delas. Buscamos levar o maior conforto às pessoas que estão nesses locais”, conta.
Tratamento de resíduos
Uma outra experiência vivenciada na capital é a história do engenheiro ambiental Glauber Nóbrega da Silva, que atua em tratamento de resíduos próximo a Natal. Atualmente, trabalha em um projeto ambicioso que ajuda a vida de famílias da região a transformar resíduos em fertilizante e energia.
“Nós somos uma CTR, e é importante frisar, porque o pessoal acha que é um aterro sanitário, mas na verdade não é. O aterro sanitário faz parte da central, mas a ideia é aproveitar o resíduo, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e encarar ele como fonte de energia, fonte de renda, como insumo”, diz.
O clima seco da região é favorável para o aterro e diminui drasticamente a quantidade de chorume gerado. No local também foi instalado recentemente um viveiro de mudas com o propósito de reflorestar a área e, posteriormente, doar as espécies para as comunidades dos arredores.
Hoje, a unidade que Silva atua utiliza 400 litros de diesel por dia para funcionar. A intenção é produzir, a partir do próprio resíduo do CTR, 500 litros do combustível por hora, chegando a seis mil litros diários.
Na próxima semana, o Agronomia Sustentável vai destacar o trabalho de engenheiras que assumem papel de liderança em João Pessoa, na Paraíba, e em São Luís do Maranhão.
Essas histórias e outros conteúdos você encontra no episódio completo do Agronomia Sustentável, uma parceria do Canal Rural com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), os Conselhos Regionais (Creas) e Organização das Cooperativas Brasileiras.
O programa vai ao ar aos sábados, às 9h, com reprise aos domingos, às 7h30. No próximo episódio, a série destaca o trabalho de engenheiras que assumem papel de liderança em João Pessoa, na Paraíba, e em São Luís do Maranhão.